Que tal ver uma compilação com alguns dos melhores filmes de 2012?? presente!



Comentário/Crítica:

Acredito que seja a terceira, ou quarta vez que tento escrever uma crítica, ou um comentário a respeito do grandioso filme "Os sonhadores". Confesso que talvez esta critica/comentário não seja definitiva, existe sempre  uma nova leitura do filme, além de  correções, inovações  que vão sendo acrescentadas na minha visão do longa,  ainda que quando revejo o filme, normalmente apreendo algo diferente, múltiplas variações de percepções,etc., mas, sem mais delongas, vamos lá e peço perdão por possíveis erros.

Bernardo Bertolucci é um dos diretores que mais trabalha com "afetos", com temas sexuais, paixões de todo o tipo e inúmeras variações sobre sentimentos humanos, e The dreamers não deixa de ser o caso. Os Sonhadores, ou "The Dreamers" é uma obra inusitada, carrega sentimentos variantes ao decorrer do longa, paixão, comédia, drama, tragédia, diálogos, sexo e sobretudo cinema, arte e música. Com um roteiro interessante e até exótico, enredo que prende o telespectador, Eva Green e sua delicada beleza sensual, Louis Garrel com o ar imponente francês e, o lado norte-americano de Michael Pitt fazem os atores principais de uma das obras que podem marcar sua sua vida como cinéfilo.

Há de se perguntar o que há de tão "belo e bom" no longa, e a resposta não é tão simples... os atores fazem o charme, a história talvez um pouco incomum prende o telespectador. Sexo, arte e cenas de outros filmes fazem com que cinéfilos fiquem entusiasmados ao ver, algumas cenas  sexuais e criativas dão  um tom erótico, frases e poesias no decorrer dos diálogos prendem alguns intelectuais (ou pseudo), roteiro que tange sutilmente questões éticas e políticas encantam alguns filósofos,  personalidades marcantes e carismáticas dos personagens nos fazem nos encontrarmos neles, portanto, o filme quase que agrada à todos, mas não todos. (A crítica normalmente vem do fato de que o longa trabalha muito com questões eróticas, não agradando toda faixa etária e todo o público, além do apelo sexual.)

Sublime, poético e sensual são três adjetivos para esse filme, mas ao mesmo tempo é metafórico, filosófico, sujo, insano, erótico, criativo, apelativo, e outros quinhentos adjetivos.

Um ponto forte do filme são as características eloquentes dos personagens, a psicologia que se observa através do filme, as possíveis interpretações a respeito da relação entre os três, além da filosofia de vida de cada personagem. O filme ainda faz menções a outros filmes de outros diretores, como "Vivre Sa vie" de Godard, "Bande à part", etc., Além da trilha sonora  que não deixa de ser marcante.

E quanto as interpretações sobre o filme? uma informação que parece ser verídica é que esse filme é uma sequência de outro filme: "Partner-1968". Alguns críticos dizem que para entender realmente o que Bertolucci quer dizer no filme Os sonhadores, seria preciso ver "Partner", para observar as relações do eu consigo mesmo, da identificação e diferença entre o id, ego e superego. Para quem não viu "Partner", aconselho ganharem tempo com essa obra. Além da interpretação sequencial e "psicológica" dos "sonhadores", há também outras. Evidente que qualquer um pode ver o filme e interpretar de certo maneira, pois, devida as nossas percepções e experiências de vida  diferentes, podemos analisar de diferentes maneiras, interpretar como quisermos.. talvez seja algo da arte!? (deixamos essa questão da filosofia da arte e estética pra outra hora) Mas e a intenção de Bertolucci? O que ele realmente quer dizer no filme? Não quero fazer Spoiller, mas o filme toca em questões de afeto, amizade, amor e família.

Vejo o filme como um punhado múltiplo de filosofias, isso é, podemos analisar ou observar no filme a filosofia de Deleuze, de Nietzsche, Freud, mas isso não quer dizer que o filme seja Deleuziano, Freudiano, mas  é relevante deixar claro que Bertolucci deixou em aberto algumas interpretações, como muitos outros filmes também o fazem.

Mas seja lá como for seu ponto de vista, acho que o filme é digno do cinema cultura, vale a pena para qualquer cinéfilo ver, analisar, fazer sua própria interpretação. Mas então, o filme é Bom? ruim? eu diria que o filme é artístico sobretudo, com toques eróticos, poéticos, mas artístico.  Qualquer pessoa vai gostar? Não, mas grande parte dos cinéfilos provavelmente. (Não conheci ninguém que não gostou até hoje...)
F.M.Ogata- Lobo Larsen 



É tempo de mudança, tempo de compreensão, criação de coisas novas, destruição e renovação. Férias.

Minha querida amiga Giovanna (que faz parte do Blog, mas anda sumida), me mandou um curta muito interessante. "Bonitinho", com música clássica e boa animação, vale a pena!




Que tal começar a semana com um som folk, alegre, dançante e gostoso? Of Monster and Men tem tudo para proporcionar um folk similar a Mumford and sons, Laura Marling e até mesmo com toques de Beirut.
A banda faz uma harmonia entre vocais masculino e feminino, instrumentos acústicos com um "q" de clássico que fazem com que Of Monster and Men ganhe respeito aqui no blog e portanto mereça um post com alguns clipes..



“Não é tão simples como parece. Aquele pensamento transcende, vai além. Os lábios dela falam por si, quase tocam os meus e, os pensamentos tão frustrados se encontram com os lábios dela, carnudos, vermelhos na cor do sangue. Frustrante eu fico no decair da noite, não a tenho mais, mas tenho os pensamentos, os encontros representativos. Os lábios vibram e aquele sorriso sobe, não muito…  aos poucos a memória dela ressurge. Era só ela, só aqueles lábios e aquele sorriso demoníaco que me agradava, o resto era desconsiderado. Seria ignorância abandonar tanta beleza assim?

A vida passa, o tempo corroí o coração, os pensamentos amadurecem e aquela imagem, não muito distante, continua em minha alma. Dádiva ou maldição? Um velho encontro com ela que os pensamentos me trazem…Frio, distância, amargura, frustração, solidão, mas mais que tudo isso, ela me leva ao novo, a criação destruidora. Algo novo surge no amor, não sei muito bem o que é, mas é um velho-novo encontro.” 

F.M.Ogata - Lobo Larsen




Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos



Não sei muito sobre esse pensador, nem se é formado em filosofia, ou estudou filosofia, mas seu pensamento  no fundo tem um toque Socrático e, embora  não concorde com tudo que ele falou, acredito que vale a pena ver.


De tempos em tempos vemos algum filme notável. Mas "notável" seria pouco para caracterizar um filme como "um homem incomodado". The Bothersome man é uma obra interessante e no mínimo curiosa. 

Filme de Jens Lien, 2006, apresenta na aparência uma comédia com tons de drama e ficção, mas na realidade, o longa aborda, ao meu ver, questões filosóficas profundas,  como: vida após a morte, o mito da caverna de Platão, a sociedade apática de Adorno, o homem mundano e seus desejos, a felicidade e enfim, a sensibilidade do ser humano. 

Não é só por questões filosóficas que o filme merece destaque, mas também pela bela imagem, a atuação dos atores, o enredo curioso, roteiro excelente, trilha sonora envolvente, etc,. Assim como o longa trabalha com a filosofia no pano de fundo, há também uma certa ironia, um certo humor que deixa o longa gostoso de ver. Quando começamos a ver sentimos aquele toque de curiosidade, questionamento que o filme nos faz. Como se o filme tirasse nossa parcela de apatia, para nos deixar sensíveis e filósofos, e porquê ele faz isso? justamente por que a história tem uma característica diferente, curiosa. 

Não vou mais descrever  sobre o filme, talvez estrague o prazer de ver sem saber do que se trata, mas, em suma, é um longa que recomendo. Não só por questões filosóficas, como também por ser uma obra digna do cinema.  Se a arte pensa por sensações, com certeza, esse filme é uma obra de arte, mas também, um "martelo" filosófico, um encontro com um homem incomodado serve de lição para cinéfilos, filósofos, intelectuais em geral. 

"Para ser indivíduo é preciso não ser cômodo com as situações banais. Um homem que uma vez não questionou, não seu incomodou, matou milhares de pessoas no período nazista."


Ogata Larsen- F.M.Ogata

Download



Pois é... a que ponto chegamos?  A injeção é feita de ouro 24 quilates, e 5ml de 10.000 dólares em tinta. De dólar.

O artista fala que esta é a cura para a ganância, e da para sentir bastante a mensagem no vídeo. A esquizofrenia que ele quer passar, fundida com uma certa elegância, credibilidade, ritualidade.

Este produto, é um convite para a reavaliação de valores. Ele espelha o que ele chama um debate social sobre o qual é o papel da ganância. Os benefícios e malefícios deste comportamento natural do ser humano, pois o artista argumenta que, independente de ser bom ou ruim, a ganância existe.

Por isso, vale a pena trazer essa cena do clássico "Wall Street" da década de 80, quando o Gordon Gekko fala precisamente sobre ganância:




O nome do artista é Diddo e ele é um inventor, designer e artista conceitual. O site dele é aqui

Cinema francês é algo que no mínimo merece respeito (ao meu ver, claro). Pode ser que muito de vocês odeiem. Aquele excêntrico, eloquente e dramático cinema "Cult" não é de agrado para todos, e muitas vezes não é de agrado para ninguém, mas por outras vezes o cinema francês é a expressão da beleza. Claro que não é só o cinema francês. Mas uma coisa que os franceses trazem, com efeito, é uma manifestação linguística poética, singular. A poesia é acompanhada com toques de crítica, questionamentos filosóficos, etc. Por hoje, apenas vou colocar um filme na íntegra para degustar e, talvez, em outro post, faço uma análise filosófica acerca do cinema francês.

Um homem que dorme torna claro do que o cinema francês pode ser capaz. Não é um filme muito movimentado, nada mainstream. Mas é um filme poético. Aos seus moldes, niilista e dramático.Um longa como um livro de poesias, porém, um livro com imagens. Imagens faladas, acopladas de pensamentos, indagações. Filme niilista, triste, mostra o nada. Talvez uma boa dose de Nietzsche, com o pensamento trágico poderia destruir esse longa. Enfim, um filme interessante, parado. Requer paciência, empatia e principalmente critica.




F.M.Ogata

Lobo Larsen @ogataogara

Belo clipe para começar a semana.

Pensamento quadrado?

Ato I-Adagio


Filosofar em certo sentido é indagar, questionar, refletir e navegar como um navio em um mar aberto. Criar rotas.O problema é que o mar muitas vezes já foi navegado, explorado e até mesmo navios entraram em guerra nele mesmo. Então, como fazer? Ora, se o mar já foi navegado, então fica mais fácil, temos informações dos caminhos navegados, dos melhores picos, dos lugares que não podemos frequentar e dos que devemos parar, mas a aventura não será a mesma. Não enfrentaremos a honra de navegar sem rumo! Não teremos uma "encontro intensivo" . Teremos sempre uma ideia de onde estamos, de aonde iremos. Se temos  um mapa com informações de todo tipo, parece claro que o trajeto será mais fácil. Sem o mapa, sem os instrumentos navegantes, o marinheiro fica um tanto perdido no mar, pode enfrentar a morte, o perigo,mas é nessas e outras que o navegante pode achar uma ilha de tesouros, pode encontrar lugares nunca antes navegados e enfrentar aventuras que abram modos de pensar, novas percepções de vida. 

"O que não me mata, me fortalece" - F.Nietzsche

O problema não é o mapa em si, o problema é como vamos lidar com o mapa, de como veremos os trajetos abordados no mapa. Imagine que crucial seria se o mapa estivesse errado? As vezes é preferível não recorrer ao mapa, enfrentar a perdição do mar para desenhar novos mapas, novas rotas.

Quando Marx filosofou, ele não utilizou o usual, ele fez um encontro com a economia política. Quando Foucault filosofou, foi a história, a loucura, a potência que o atingiu em cheio. Deleuze foi acordado por encontros de outros filósofos, "enrabado" por Nietzsche, lutou contra Hegel, encontrou no cinema, na arte, um meio.  Nietzsche buscou seus recursos na literatura. Montaigne filosofou de forma inusitada, olhando ele mesmo e os outros, achou sua filosofia. Rousseau buscou no homem a sua filosofia e Kant então? 
Não estou de maneira alguma tirando o critério da metodologia, ela é importante. Mas em todos os modos de filosofar, isso é, para "voltar as coisas mesmas" (numa visão de Husserl), para buscar a causa primeira (visão de Aristóteles), para "Martelar" (Nietzsche), para criar conceitos (Deleuze), para desvelar o ser (Heidegger), enfim, para qualquer abordagem que os filósofos foram atrás, eles pensaram sempre de um modo inusitado, maneira que ainda não tinha sido criada, ou se tinha, foi reformulada.  A filosofia recorre mais a criação do que muitos imaginam. Enquanto a arte pensa por sensações e a ciência pensa por funções, a filosofia pensa por conceitos, por criação, por inovação! E quando se quer trabalhar em cima de um tema, muitos recorrem ao pensamento já dogmático, utilizam a "rota" já elaborada por algum gênio, mas no final não aproveitam as paisagens. O pensamento "quadrado" é isso. Não se utiliza o mapa com eficiência, com cautela, sem precipitar-se, utiliza-se a rota do mapa como aquilo que é  o caminho mais certo a se fazer, sem ao menos questionar. Esquecem do recurso Cartesiano. Quando se usa um mapa, se não se questiona acerca dos problemas do mapa (Isso se o sujeito ver erros, pois tem vezes que ele nem mesmo vê os erros), não se cria filosofia, não se filosofa. O pensamento quadrado esquece que o mapa é apenas uma interpretação da realidade, uma forma de ver o esplêndido e belo mar. 
Para se navegar é mais seguro ter um mapa, uma rota já fundada. O filósofo pode recorrer a essa rota, mas não seria mais prazeroso ter o mapa e fazer sua própria rota? 
O mapa é como se fosse os recursos filosóficos, as técnicas, a história da filosofia, a história do homem, a própria realidade. Suas legendas são os filósofos e seus pensamentos, os conceitos. Mas as rotas feitas podem ser dogmáticas, quadradas. Cabe ao filósofo questionar as rotas, observar os melhor encadeamentos, corrigir as rotas, criar rotas.


Cara... essa banda é animal! E o mias da hora é que ela é Belga. Não conheço nada belga a não ser chocolate, a Audrey Hepburn e o primeiro presidente do FMI,  Camille Gutt. (duvido que você sabia que a Audrey era belga!)

Bom, voltando para o pessoal do Willow, eles são uma banda um pouco diferente.  Eles realmente mostram que paciência é um virtude. Quando ganharam em terceiro lugar um aclamado concurso de bandas indies la na Bélgica eles decidiram não lançar nenhum álbum, diferente de todo o pessoal. Esperaram a poeira baixar, refinaram o som deles e criaram um bagulho acessível porém marcante. 

Eles dizem que tem influências de bandas como The Cure, U2, The Police, mas confessam que eram muito novos para lembrar dos anos 80. Por isso citam algumas bandas mais novas como influência, tipo Bloc Party.

O vídeo que vocês veem la em cima pra mim é o melhor video que vi esse ano. Criativo ao máximo. Repito, CRIATIVO PRA CARAMBA.

Além disso tem umas músicas deles aqui em baixo.




PS: Não conseguir achar o álbum dos manolos. Quem conseguir, compartilha com os Brothers : D


Gui42

Epicuro não foi só um filósofo importante para a história do pensamento, como de certo modo, um pai dogmático de como "viver bem" e ser alegre. O conceito de felicidade defendido por Epicuro, suas implicações, consequências, reflexões a respeito da felicidade nos dias de hoje, entre outras coisas, são apresentados nesse documentário. Vale a pena ver, seja para concordar, criticar, seguir, refletir a filosofia de Epicuro, ou apenas ter o conhecimento básico. Diga-se de passagem que é um documentário básico da filosofia de Epicuro, apenas uma noção e uma das possíveis interpretações múltiplas da filosofia epicurista.

Ao menos, curioso e interessante. Vale a pena começar a semana ouvindo trechos de várias músicas no piano.


Como já seria ante visto pelo barbudinho, também refutado ou confirmado por alguns teóricos do capitalismo, é característico do nosso sistema vigente a presença do capital fictício, que não é real, ou não condizente com o real (leia-se lado produtivo).

Este capital que aparentemente rende juros simplesmente do nada (daí a famosa metáfora marxiana da propriedade das pereiras) tem uma função a cobrir no sistema capitalista, que é de extrema importância para o desenvolvimento e/ou extinção desse sistema. (Nem vou chegar nesse mérito da questão...)

Vindo do pólo extremamente oposto da questão, o fotógrafo alemão Michael Najjar,  teve um belo insight artístico em uma expedição que fez. No ano de 2009 encarou o difícil desafio de escalar o Aconcágua, montanha mais alta do mundo fora do Himalaia, que se localiza na Argentina. Enquanto estava lá, sentiu os riscos e abismos que encontrava neste ponto inóspito da natureza. Esta propriedade das montanhas fascina e já fascinou muitos homens, artistas ou não.

Todavia, o fotógrafo Micheal Najjar relaciona os perigos, riscos, abismos e cataclismo das montanhas com as movimentações e os riscos dos maiores índices do mercado financeiro criando assim uma enigmática e bela relação entre a plenitude da natureza e o virtual dos mercados financeiros, dominados pelo mundo da informação e da computação. Esta junção entre o real e o virtual se mostrou de uma sensibilidade que a tempos eu não me deparava.

Usando os índices datados desde a década de 80 ( em alguns casos) o resultado é impressionante. Vale a pena visitar o site do artista que, alem dessa exposição, profere uma ótima experiencia de navegação futurística!

Aqui temos o Índice Bovespa ao longo da década de 80 até hoje
Índice Nasdaq, também no mesmo período


Uma das imagens mais impressionante é esta, chamada  lehman_92-08
Mostra o desenvolvimento do preço das ações do Lehman Brothers
desde 1992 até sua falência em  setembro de 2008
























Além disso, deem uma olhada na entrevista que ele deu para o INET falando sobre o trabalho dele e mostrando a imagem do índice Dow Jones, que eu não coloquei no post, é animal!
O site dele é esse ó: http://www.michaelnajjar.com/ ( baita experiencia navegar nele viu!)

Viva ao folk épico, com bons instrumentos e harmonia. Ótima melodia pra começar uma semana.



O grito silencioso da derrota.Triste.Bruto.Poderoso.Infeliz.Um momento único,sem duvida!O olhar passa a ser pesado,não mais deleitoso.A presença passa a ser um pesar em meio aquele dia belo.A mente te lembra do acontecido,mas seu interior diz NÃO!É o que eu quero! A quero !!AGORA!
Uma pena ter a vida contra seus desejos. Ou não. Como diria Cartola: é rir para não chorar. Ou chorar para não rir? Creio que não vale chorar pelas aguas passadas...mesmo que ela reflita, em dados momentos, o interior de nossas cavernas, o pior que já vivestes.Creio que vale a pena buscar novos prazeres e viver por eles.Sou eu apenas um zumbi que se alimenta de prazeres?Bom,não sei...mas alguns vivem por uma possibilidade de pós-vida em um mundo,no momento, imaginário.Acho que to bem.

Por Lucas Stanzani



“Nossos desejos são os axiomas de nossas filosofias. Frase inteligente do querido pessimista Schopenhauer, no entanto é importante destacar uma coisa: O que é afinal o desejo? Desejo é para alguns a essência do homem. Rodeia e acopla no fundo de nossa alma. Desejo isso e aquilo, desejo capitalista, desejo sexual, desejo que é essência, mas qual é a essência do desejo? Se pensarmos o que nos faz desejar já estamos filosofando e portanto desejando, pois as variações do que nos faz desejar giram em torno de uma vida. Empiria e subjetividade correndo lado a lado o tempo todo. A vida é e não é, pois o desejo é assim, ele as vezes é, gira em torno de um todo, as vezes não, as vezes recusamos desejar algo, pois pensamos. A razão quase sempre opera os desejos, resolve problemas, mas a razão também pode não fazer a sua essência por que não tem desejo. Desejo é a procura do que falta? outra visão, mas não menos destacável. O Ser que não deseja, não é. O Ser que deseja é a Physis. Physis e Desejo."


F.M.Ogata- Lobo Larsen

...


Não importa se você é economista, filósofo, cineasta, crítico, escritor, fútil, médico, desocupado, boêmio, administrador, psicólogo, sociólogo, antropólogo, historiador, publicitário, astrônomo, matemático, estatístico, frequentista, lacaniano, freudiano, programador, cuzão, analista, dramaturgo, ator, dentista, atleta, designer, poeta, crítico, liberal, marxista, weberiano, adorniano, desenvolvimentista, novo velho, chapado, passado, alienígena, inimigo, amigo, chato, bobo, desentupidor, sambista, músico, violinista, violonista, pianista, baterista, encanador, eletricista, engenheiro, tesoureiro, CEO, COO, CFO, CAD, CHR,  diretor, espirita, católico, cristão, judeu, hindu, xamã, jedi, sith, imperador, rei, cavaleiro, enfermeiro, elfo, anão, troll, hobbit, bruxo, mago, agrônomo, paladino, arqueiro, ou qualquer outra bosta...

Isso aqui é animal:

“Quando agimos como filósofos em tudo, isso é, em todo fenômeno, as vezes criamos ideologias, pensamentos subjetivos atraentes, mas perigosos. Por outras vezes, aceitamos ideias deliciosas, que dão água na boca. Outras vezes tiramos conclusões interessantes, criadoras, originais, verdades e até conseguimos gerar influências.O problema é quando as afecções que nos tocaram há tempos remotos, criaram valores que são intrínsecos e que não percebemos. Aqueles olhares que te atraem, aqueles cabelos,sussurros, beijos, sulcos, aquela voz e arte, sonhos, cores acopladas ao desejo, odores e tatos que irão marcar toda uma vida.O Problema persiste no pensamento. A natureza humana é assim, quando menos imaginamos, criamos uma maneira de viver, pensamos e agimos de maneira enviesada, influenciada, regida por sentimentos da aurora. Há de se dizer que existe um certo terror quando o calor do desejo não é satisfeito! desejo ilimitado, frustrado. O Homem, ser temporal, rodeia o desejo e o desejo lhe rege. Dádiva? ou maldição? razão.”

F.M.Ogata- Lobo Larsen

Que tal começar a semana com o bom som do Devendra? Para quem não conhece, merece ao menos escutar essa música gostosa.

Se tem algo que ma fascina é a variedade musical que se tem hoje em dia. Nunca vi som tão bizarro e bem feito ao mesmo tempo. Chega a ser indiferente falar dessa música com palavras, a arte da música fala por si só. (Sim, som asiático).



Voltemos ao erudito para apreciar e degustar uma boa música erudita, mas aviso que é contemporâneo. Sem mais, segue o concerto de Philip Glass para violino número 1.


O grito silencioso da derrota.Triste.Bruto.Poderoso.Infeliz.Um momento único,sem duvida!O olhar passa a ser pesado,não mais deleitoso.A presença passa a ser um pesar em meio aquele dia belo.A mente te lembra do acontecido,mas seu interior diz NÃO!É o que eu quero! A quero !!AGORA!
Uma pena ter a vida contra seus desejos. Ou não. Como diria Cartola: é rir para não chorar. Ou chorar para não rir? Creio que não vale o chorar pelas aguas passadas...mesmo que ela reflita em dados momentos no interior de nossas cavernas o pior que já vivestes.Creio que vale a pena buscar novos prazeres e viver por eles.Sou eu apenas um zumbi que se alimenta de prazeres?Bom,não sei...mas alguns vivem por uma possibilidade de pós-vida em um mundo,no momento, imaginário.Acho que to bem.

Por L.Stanzani

O desgosto que as vezes me assombra é inexplicável! Talvez seja um momento em que me sinto perdido em meus próprios pensamentos. Um viciado que vive da própria droga-reflexiva. Nem sempre isso faz sentido...só me enoja...só isso!
Uma imagem! As vezes eh isso que define seu dia...tudo pode estar ótimo, lindo e tranquilo...mas UMA imagem...ela pega seu dia e coloca em xeque TODA a alegria que você trazia consigo pelos últimos dias, todo aquele ânimo e esforço feito durante o passar dos dias é jogado fora...assim mesmo. Ingratamente...
Seria simples resumir um dia a isso. Culpar um dia, uma imagem, um momento para justificar seu mal humor e mal estar consigo próprio...MAS a verdade é que carregar algum mal dentro de si é péssimo...ele te corrói e te usa quando você esta mais fragilizado - o que é obvio, pois em momentos de gloria, seu animo é imbatível, ele vence quase todos os pessimismos - fazendo-te sentir como o pior flagelo vivo em toda a existência humana. O que, na verdade,   impressiona-me devido o poder de tais pensamentos. Quão fracos somos nós? Mas como já disse, isso só me enoja...afinal, eu preciso apenas de um belo sorriso..só um belo sorriso da mais bela mulher...ou de um bom amigo. Isso basta. Tem que bastar!

Por L.Stanzani

“O ser em-si será mesmo um nada? o para-si está em eterna constituição, mas será que no fundo o ser-em-si, acoplado de tantos outros para-si, será um nada? Temporal o é, e recaí sempre na morte. O que vale de ser algo se esse algo é outro? a entidade é um outro e o outro um outro e por aí vai.A corda vibra, o desejo anseia, o vazio grita, o pensamento toca, o tato é sentido como flores imaginárias de algum lugar no infinito. Ò homem… cheio de sofrimento, desejo, felicidade, boêmia por toda história, grite e vibre! chega de ser um nada! corra, viva, deleite a vida, saiba aproveitar as entrelinhas! Sofra e revolucione! experimente o dionísio e o apolíneo. Os melhores pensamentos nos fogem, as ideias nos vem, mas as frases que as completam não. Instável nós somos, mas quem sabe isso não seja a nossa dádiva? “

F.M.Ogata - Lobo Larsen

Achei o link no facebook de uma grande lista de filmes via Youtube, todos na integra, isso é, são 108 filmes brasileiros pra ver.

"O conflito de ideias, teorias, dizeres, frases, pensamentos, faixadas de todos os tipos que se debatem, podem aparentemente se suceder como mera paixão absoluta e irracional. Alguns dialéticos, acreditam fielmente na sucessão de tais ideias absolutas e contraditórias, do qual são do plano superior. Cabe não só a teoria crítica a desconstruir tal dizer e mostrar a negação, mas também o próprio pensamento. Negação dialética que aborda contradições do quais não se remetem a planos superiores já foram explicitadas por Adorno, a questão agora é remeter o pensamento não só a um tribunal, mas também a uma criação não instrumental. Se toda a teoria, filosofia, dogma e pensamento carrega por si um arcabouço social e histórico, então cabe a entender tais fatos. O homem indignado do que ocorre no dia a dia, procura na história o entender a si mesmo. No entendimento procura os fazeres que lhe fazem de melhor maneira, aqueles que facilitam a argumentação futuramente retórica e oratória. Cada homem não é só uma sociedade em si, como também uma história que transcende a ele por via a outrem. Não cabe somente ao filósofo, somente ao economista, ao historiador, ao sociólogo etc estudar e compreender tais fatos, o devir de todos remete na união nem sempre bem vinda, de tais estudos para ao menos chutar a bola em direção ao gol. E aonde se encontra o gol? Eis um mistério da incerteza temporal."

F.M. Ogata - Lobo Larsen



"Não, a vida não me desapontou! Pelo contrário, todos os anos a acho melhor, mais desejável, mais misteriosa… desde o dia em que vejo a mim a grande libertadora, a ideia de que a vida podia ser experiência para aqueles que procuram saber, e não dever, fatalidade, duplicidade!… Quanto ao próprio conhecimento, seja ele para outros aquilo que quiser, um leito de repouso, ou o caminho para um leito de repouso, ou distracção ou vagabundagem, para mim é um mundo de perigos, é um universo de vitórias onde os sentimentos heróicos têm a sua sala de baile. A vida é um meio de conhecimento; quando se tem este princípio no coração, pode viver-se não somente corajoso mas feliz, pode-se rir alegremente! E quem, de resto, se ouvirá, portanto, a bem rir e a bem viver se não for primeiramente capaz de vencer e de guerrear?"

Nietzsche - "A Gaia ciência"



Esse curta, ou melhor, esse desenvolvimentos de imagens, contem uma interação de universos muito distintos. Juntando imagens da NASA, de nebulosas e constelações, com imagens de neurônios e outras filmagens microscópicas. Eu particularmente achei extremamente condizente com a descrição do vídeo (o que não significa que eu necessariamente concorde :D).

A descrição (livremente traduzida) diz o seguinte:

"Perspectivas como uma reflexão de produção sustentável de coisas naturais. A anatomia do mundo, o desenvolvimento e o futuro em um aparente auto-governado organismo"

Animal, não?



Outro curta da minha pequena lista de hoje é algo também na minha vibe futurista... Só que esse é meio perturbante, e em algum certo ponto me deixava com muita agonia. Ele é uma resposta humanista ao projeto anunciado em abril pela Google do Project Glasses, conforme visto aqui e mencionado neste post aqui.

Mas no quesito construção de roteiro, ele é bem interessante pois, como fui ensinado, toda narrativa deve terminar de maneira surpreendente para captar a atenção do leitor, e isto é exatamente o que esse curta faz (independentemente de não ser uma narração, mas é nois...)

FLOW!

Dessa vez, venho apenas mostrar o trailer e chamar a atenção para um dos melhores filmes do gênero Mistério que já vi. Nesse filme, assim como outros, uma crítica pode estragar a história, por isso, resolvi deixar apenas o trailer e o download.



Download - Torrent do Laranja Psicodélica.

Conhecer o outro é conhecer a si mesmo. Conhecer nossa geografia, história, etnia, nossas raízes, o palco por onde tudo aconteceu e acontece, é conhecer o pano de fundo que tece e entrelaça nossas raízes e nosso dia-a-dia. Sobre entrelinhas da antropologia a filosofia de Nietzsche e o Marxismo por trás, eis um documentário que todo brasileiro deveria ver.


Capítulo 1 -


Capítulo 2-


Capítulo 3-


Os outros capítulos estão no youtube, o livro é vendido pelas companhia das letras, aproximadamente 25 reais.

F.M.Ogata - Lobo Larsen



No meu próximo post, terei mais para comentar...

Três bandas, três músicas, três melodias, três amores, três variações, três 3.





Muitos dos frequentadores do café musica e filosofia e do cinema cultura, sempre me mandam e-mails perguntando a respeito de curtas nacionais. Infelizmente conheço poucos que são dignos e que possuem uma abordagem interessante, não só por falta de quantidade, mas como também qualidade. O O Laranja Psicodélica, blog que distribui excelentes filmes, produziu um curta que me chamou atenção pela criatividade e pelo jogo estético. O curta, que não passa de 10 minutos, aborda pequenos curtas dentro do próprio, isso é, aborda alguns temas dos dados sensoriais humanos com a amplitude artística do cinema. Godard, Almodovar, Gaspar noe, entre outros são mencionados no curta. Em 10 minutos, eles fizeram uma gama de imagens magnífica, uma trilha sonora agradável, assim explorando os diretores de cinema tão aclamados no mundo artístico.

O curta segue abaixo e o site deles também, confiram!



http://laranjapsicodelicafilmes.blogspot.com.br/

"Até que ponto somos enganados e conseguimos nos enganar, até que ponto estamos errados? Ora, estar errado assume uma série de complicações e dilemas que cortam desde o conceito de estar errado, até as ações de uma vida. O conceito envolve componentes, dos quais esses envolvem outros e assim por diante. Uma história a percorrer, um paradigma a solucionar, um experimento a passar, e ainda sim, chegamos ao dilema: Estamos errados ? O que é estar errado? Errado e certo são valores que dificilmente são avaliados por uma racionalidade lógica, talvez o critério de avaliação deveria ser a vida, como diria o próprio Nietzsche. Animais somos por vezes, não temos um bom senso, mas o bom senso e o senso comum são coisas diferentes e o errado e o correto as vezes se cruzam, se acoplam, tornam-se únicos. Uma atitude errada que na verdade leva-nos a história correta de vida. Grande dilema e que poucos pensam. O importante não é conhecer muito, mas pensar muito, como diria o velho Demócrito. As vezes, o pensar não adianta nada se não for digno de uma ação. Uma ação que pode mudar toda uma vida e uma outra multiplicidade de pensamentos, o que vale é o navegar, o levante navegar."

F.Ogata - Lobo Larsen

@ogataogara


O Leitor é um filme teuto-americano de 2008, dirigido por Stephen Daldry e baseado no romance Der Vorleser do escritor alemão Bernhard Schlink.

Elegante, dramático, triste, poético e até certo ponto intrigante. O Leitor apresenta características de um filme que deixará marcas no pensamento, nas ideais, no sentimento e na percepção do telespectador. Um romance dramático que lida com muita subjetividade e que pode trazer revolta ao telespectador, paixão ou ódio pelos personagens. O personagem principal, Michael Berg, frio mas ao mesmo tempo sensível, fechado ao seu modo, deixa o filme com um tom de racionalidade, nos demonstra sentimento, transcende esse sentimento para quem vê. Hanna Schimitz que é interpretada pela Kate Winslet, nos faz questionar a cada instante suas ações e seu passado, nos envolve de tal modo que é complicado não nos colocarmos na posição dela. O Romance consegue envolver o telespectador, prender e deixar dúvidas ao longo do filme.

Além de todo um romance, ainda existe como pano de fundo, um tema social e moral que não deixará de ser acoplado ao decorrer da história. O que mais é relevante no filme e no livro é a presença de vários temas em uma só história, por exemplo: o filme aborda e envolve o nazismo, analfabetismo, a moral, a confiança nas pessoas, a ingenuidade, vergonha por questões sociais , amor na faixa etária, suicídio, etc. Não é a toa que o filme teve 5 indicações ao Oscar, mas é evidente que não é apenas por vários temas que foram abordados, sabemos que existem muitos filmes que abordam vários temas, mas o filme acopla em um plano muito interessante, uma união de todos esses temas de maneira artística.

Kate Winslet não apenas atuou de forma simples, ela foi muito além do que ela é em outros filmes. Simplesmente incorporou a figura de Hanna Schimitz, com todo ar de mulher alemã, linda, eloquente e com expressões faciais que trazem à tona o que filme transcorre. Importante descartar que ela ganhou o óscar de melhor atriz.

Com um enredo bom, uma história marcante, dramático e artístico, trilha sonora razóavel, fica difícil fazer uma crítica que seja fria o suficiente para dizer as partes ruins do filme, mas, salvo o relativismo, ruim é uma conceito filosófico que não vem em questão. O longa é um dos melhores que vi esse ano, apesar de ter lançado em 2009, apenas tive a oportunidade de ver agora e o que posso dizer é que merece destaque.

É um filme filosófico também, se bem que qualquer filme tem um pouco de filosofia desde que você seja um filósofo nele, mas o filme passa uma questão interessante, já abordada pela Hannah Arendt, de que muitas vezes fazemos coisas sem pensar, pois, somos levados pela ignorância e pela sociedade, como se fossemos uma manada, um efeito manada que ocorre porque todos fazem. A banalidade ruim, maligna, se torna uma coisa que a sociedade representa como boa, basta estudar o povo alemão no tempo nazista. Hanna Schimitz não passa a ideia de mulher má, mas de uma mulher com coração bom na primeira parte do filme e em um segundo momento passa-se por uma pessoa má e, ainda num terceiro momento, representa uma pessoa ingenua. A sociedade se baseia na moral, ou nas leis? e as leis são redigidas como? Vale tentar se envolver a cada ponto do filme, não só no romance entre o jovem Michael e a Hanna, mas como também pelo que transcorre ao longo do filme, pelas questões que vem à tona e que merecem grande destaque ético.É preciso se perguntar e questionar as atitudes e as ações de ambos os personagens.

Como disse, além de dramático, o filme é um romance triste, mas que com o pano de fundo envolve questões que merecem o destaque de questionamento filosófico. A bela atuação de Kate , a história marcante e a moral por trás, não só fazem um filme bom, como fazem um filme digno que merece ao menos respeito.

"As vezes, o pensar não adianta nada se não for digno de uma ação. Uma ação que pode mudar toda uma vida e uma outra multiplicidade de pensamentos com uma criação de conceitos." F. Ogata

Lobo Larsen- F.Ogata

@ogataogara

Nessa primeira semana de férias, vamos começar com um som calmo, elegante, que toca  vai do folk  ao indie.


Pois é... Como todos sabem, sou uma pessoa bem ligada em tecnologia e algo que tem me chamado a atenção tem sido as ações de uma empresa que, durante muito tempo foi líder no ramo, e hoje aparecia como uma jogador de fundo no campo das tecnologias.

A Microsoft estava perdendo vez para grandes players como a Apple e a Google, e parecia apenas uma questão de tempo para que algum outro player retirasse o seu sistema operacional de jogo totalmente.

Mas eu NUNCA perdi as esperanças que esta empresa daria a volta por cima.
Até o slogan da nova versão de seu navegador é "pulguenta" (deixa uma pulga atras da orelha).

"The Browser you loved to hate"

Este é o slogan da nova versão do IE... o IE 9. Algo no mínimo tentador, que vale dar uma checada.



Agora, outro ponto que parece MUITO loko é o surface... Vou deixar vocês checarem por si sós. Não vou me delongar muito não...




É galera... como já diria o Klaus, é o semiocapitalismo...



Essa banda é realmente genial. Eu e o Epilef piramos no som deles à algum tempo...
E quando eu vi essa versão acústica, eu achei " A nem deve ficar tão legal... eles são uma banda de eletrônico... "
Foi aí que eu vi que essa versão valia à pena de ser passada pra frente!!

Detalhe: Eu rí muito com o comentário mais votado!!


to bad i cant hear the guitar
amps for electric guitars are too mainstream




Embaixo tem umas das músicas preferidas, normal deles.





O mais legal deles é o clima balada do som deles, eu curto muito no mínimo.

(by the way, i might be back!!)

Nada melhor do que começar uma semana ouvindo Peter and the Wolf



E para dar uma acalmada, que tal Emily and the woods com uma voz doce, um ambiente natural e um violão folk básico?

Depois ter passado um bom tempo caçando o Abecedário do Deleuze, consegui achar no youtube legendado e na íntegra, isso mesmo, na INTEGRA, o documentário que Deleuze aborda uma série de temas a respeito de cada letra e palavra. O documentário é longo, isso é, 9 horas de documentário, 9 horas aproximadamente de filosofia, 9 horas que não serão perdidas. Enjoy.


Texto por Veronica Damasceno que achei muito interessante. Vale destacar que é um texto acadêmico, requer um conhecimento prévio acerca de Deleuze.



As potências que encerram a vida remontam a um princípio de extrema importância
para o pensamento, mas ainda pouco explorado por parte da filosofia
contemporânea. Trata-se do princípio de individuação. Encontramos em
Gilbert Simondon um estudo desse princípio e uma teoria profundamente original
da individuação, capazes de nos lançar novos desafios e de promover
novos modos de pensar esse problema. O princípio de individuação encontra
eco no pensamento de Deleuze, que o aproxima de conceitos como: diferença,
sujeito larvar ou embrionário e corpo sem órgãos. Todos esses conceitos, caros
ao pensamento de Deleuze, aludem ao campo intensivo pré-individual. Pretendemos,
nos limites dessas notas, introduzir o princípio de individuação de
Simondon e algumas das ressonâncias que se produziram, a partir desse princípio,
na filosofia de Deleuze.

O Princípio de Individuação de Simondon

Tudo parece ter início na recusa de Simondon à concepção monista e
substancialista do ser e ao dualismo hilemórfico do indivíduo1 . O monismo
substancialista pressupõe que o ser corresponde a uma unidade atômica, constituída
de um núcleo de permanência estável, que resiste e subsiste por si só.
Segundo o dualismo hilemórfico, o indivíduo é o resultado ou o composto
engendrado pelo par matéria/ forma.
Todavia, tanto o monismo substancialista quanto o esquema bipolar
hilemórfico parecem pressupor a existência de um princípio de individuaçãoque antecede o próprio processo de individuação, sendo, pois, capaz de explicálo
de antemão. Trata-se, para essas duas correntes filosóficas, de buscar o
princípio de individuação a partir do próprio indivíduo já constituído e dado.

A subversão que Simondon promove na investigação da gênese do indivíduo
consiste em recusar o indivíduo já constituído e o real individuado como
ponto de partida para explicação dessa gênese. Trata-se, antes, de buscar a
gênese do indivíduo no princípio de individuação, já que nem o atomismo
substancialista, nem a doutrina hilemórfica fornecem a descrição completa da
ontogênese do composto.

Para o atomismo, a gênese do composto é um corpo vivo, uma unidade
precária e perecível, resultante de um encontro devido ao acaso, que se dissolve
toda vez que a unidade do composto é atingida por uma força maior
que a coesão de seus átomos.

O esquema hilemórfico pressupõe que o indivíduo resulta da conjugação
da matéria e da forma, e que o ser é um composto (sinolon)2 . Nesse caso, o
princípio de individuação, ao invés de ser apreendido na própria operação de
individuação, apóia-se sobre a matéria e a forma de que esta operação necessita
para poder existir. Isso ocorre porque o princípio é pressuposto como
estando presente na matéria ou na forma e porque se subentende que a operação
de individuação não é capaz de produzir seu próprio princípio, mas
somente de empregá-lo. Para Simondon, entretanto, não assistimos a
ontogênese em nenhum dos casos porque: “nos colocamos sempre antes dessa
tomada de forma que é a ontogênese” (Simondon, 1964, p. 03).
Segundo Hottois, a crítica de Simondon ao hilemorfismo constitui o cerne
de sua concepção da individuação em devir. Esta crítica se desenvolve ao
longo de sua exposição, do princípio de individuação, e reside na desmontagem
da metafísica dualista que atravessa a história da filosofia. Em razão disso,
afirma Hottois:
O erro do hilemorfismo seria o de negar a realidade do devir ao pensar o real a
partir do indivíduo constituído, assimilado a uma essência, ou a uma substância
imutável, sem gênese verdadeira nem porvir autêntico (Hottois, 1993, p.34).

Em Platão, por exemplo, a forma define-se segundo uma essência ideal
separada radicalmente da matéria3 . Do mesmo modo como a entelecheia queage na matéria, em
Aristóteles, permanece-lhe exterior. O destino da forma,
em ambos os pensadores, parece ser único: encarnar-se na matéria. Desse
modo, a relação que mantêm a forma e a matéria é sempre de exterioridade.
De onde provêm os problemas conhecidos do dualismo, que é incapaz de
pensar juntamente o que ele inicialmente separou.
Ao invés de pensar a gênese do indivíduo como resultado da encarnação
da forma na matéria, é preciso compreender, antes, que o indivíduo em sua
gênese e realidade efetivas decorre do próprio processo de individuação, isto
é, da operação de individuação e não de dois termos separados artificialmente
que só poderiam ser pensados, por causa dessa cisão, de maneira exterior e
abstrata. Desse modo, o princípio de individuação passa a ter prioridade sobre
as noções de forma e de matéria. Em outras palavras, na medida em que a
ontologia se apresenta repleta de dualismos é preciso que se pense a anterioridade
da ontogênese sobre ela.
Considerando a realidade dessa operação de individuar, percebe-se a
irrealidade e o caráter abstrato das concepções hilemórficas. Para Simondon
uma forma pura e uma matéria amorfa não existem, pois a individuação exige
a materialidade da forma, como uma moldagem ou uma modelagem. Nesse
sentido, afirma Hottois: “O molde é muito real: ele próprio é o produto provisoriamente
estável e, em certas condições, estruturante-individuante, de um
processo de individuação” (Hottois, 1993, p.36). A materialidade da forma
significa que o molde não é um arquétipo puro e universal e que a matéria
não é totalmente amorfa, já que ela se apresenta relativamente informada (informação
potencial) e, portanto, suscetível de ser informada novamente em
função de suas próprias virtualidades.
Que a pesquisa do princípio de individuação seja realizada antes ou depois
da individuação, segundo o modelo biológico ou técnico para o
hilemorfismo, ou segundo o modelo físico para o atomismo, nos dois casos
há uma zona obscura recobrindo a operação de individuar. Ao invés desta
operação ser considerada como aquilo que explica a individuação, ela é, ao
contrário, considerada como coisa a explicar, de onde surge a necessidade de
um princípio de individuação.
Assim considerado, o princípio de individuação pressupõe uma sucessão
temporal, na qual esse princípio realiza a operação de individuação até o
surgimento do indivíduo vivo. A individuação produz o indivíduo e faz parte
de todo o processo, isto é, desde o pré-individual até o indivíduo constituído.
Caso contrário, iríamos diretamente da individuação ao indivíduo,
desconsiderando a ontogênese em todo o seu desdobramento e atribuindo a
individuação ao indivíduo.

Simondon pretende efetuar uma reversão na investigação do princípio de
individuação, de tal modo que a operação de individuação possa explicar
como o indivíduo vem a existir, ao mesmo tempo em que lança luz sobre todo
o desdobramento do processo de individuação. Em razão disso, o indivíduo
passa a ser tomado como uma realidade relativa, uma determinada fase do
ser, dependente da realidade pré-individual anterior a ele. Mesmo após sua
individuação o indivíduo não existe só, pois o processo de individuação não
esgota todos os potenciais da realidade pré-individual de uma só vez.

Aquilo que a individuação faz aparecer para além do indivíduo é o par
indivíduo-meio. O meio não é necessariamente uniforme e homogêneo, mas
como sugere Simondon: “...o meio é atravessado por uma tensão entre duas
ordens de grandeza que mediatiza o indivíduo quando ele vem a ser”
(Simondon, 1964, p. 04). Desse modo, o indivíduo, que não é o ser em sua
totalidade, é tão-somente o resultado relativo de um estado do ser no qual
não existia antes nem como indivíduo, nem como princípio de individuação.
Então, a individuação só pode ser chamada de ontogenética quando é
operação de individuar o ser em sua totalidade. Quando a individuação manifesta-
se em um sistema que compreende potenciais, e é incompatível com
certas forças de tensão e de interação entre termos extremos das dimensões,
ela deve ser considerada como resolução parcial e relativa.

A ontogênese deve ser tomada em seu sentido pleno: o ser deve, portanto,
exprimir o devir. Para Simondon, a relação ser-devir expressa a defasagem do
ser em relação a si próprio e sua resolução provisória em uma determinada
fase. No ser pré-individual não há fases. Mas, no ser onde se dá uma operação
de individuar há resolução provisória nas sucessivas fases, isto é, a resolução
surge no seio da repartição em fase. O devir é, antes de tudo, uma dimensão
do ser, dimensão do modo de resolução de potencialidades e de suas incompatibilidades
iniciais.

A individuação diz respeito à aparição de fases no ser. Ela não é uma
conseqüência que se deposita na borda do devir e que se isola, mas a própria
operação enquanto efetuação. A individuação surge de uma supersaturação
inicial do ser homogêneo e sem devir que, a seguir, estrutura-se e devém,
fazendo surgir indivíduo e meio, a partir do devir que é resolução e conservação
das primeiras tensões ou tendências sob a forma de estrutura.

Na individuação, o ser é pensado como sistema tensionado, supersaturado,
acima do nível da unidade e não como substância, matéria ou forma. O ser
não se constitui somente em si mesmo e não é pensado pelo princípio do
terceiro excluído. O ser pré-individual, o ser completo ou ser concreto é mais
que unidade. A unidade e a identidade aplicam-se somente a uma das fases
do ser, isto é, a uma fase posterior ao processo de individuação. A unidade e
a identidade não ajudam a conhecer o princípio de individuação, pois não se
aplicam à ontogênese, ou ao devir do ser, ao ser que se desdobra e se defasa ao
individuar-se.
Simondon presume que a individuação ainda não fora pensada e descrita
de forma adequada porque o equilíbrio estável era a única forma de equilíbrio
que se conhecia até então. Para Simondon, o equilíbrio estável exclui o devir
porque ele corresponde ao nível mais baixo de energia potencial, como
afirma ele:

...é o equilíbrio atingido em um sistema quando todas as transformações possíveis
foram realizadas e não existe mais nenhuma força; todos os potenciais se
atualizaram e, tendo atingido seu mais baixo nível energético, o sistema não pode
se transformar novamente (Simondon, 1964, p.06).

Nas antigas concepções do ser só havia o estável e o instável, o movimento
e o repouso, a metaestabilidade não lhes era conhecida. Segundo a perspectiva
de Simondon, este conceito se deve muito à ciência.
Então, Simondon propõe tomar a gênese dos cristais como paradigma do
processo de individuação. A individuação cristalina não resulta do encontro
entre uma forma e uma matéria prévias, constituídas anterior e separadamente,
mas antes, uma resolução que surge no seio de um sistema metaestável rico
em potenciais: “forma, matéria e energia preexistentes em um sistema”
(Simondon, 1964, p.08). Para o princípio de individuação forma e matéria
não bastam, já que o verdadeiro princípio de individuação é a mediação, que
pressupõe a dualidade original de diferentes ordens de grandeza, onde não
há, de início, comunicação interativa entre elas, mas só a posteriori quando as
diferentes ordens de grandeza se estabilizam.

Quando a energia potencial de um sistema se atualiza uma matéria se
ordena e se reparte, gerando indivíduos estruturados numa ordem mediana,
desenvolvendo-se por um processo mediato que se amplia. Podemos dizer
que essa individuação produz-se de modo instantâneo, brusco e definitivo,
porque ela se limita ao primeiro estágio da individuação, o estágio do ser préindividual.

No domínio físico é a ressonância interna que caracteriza o limite do indivíduo
ao individuar-se. A estrutura interna do cristal resulta somente da atividade
que é efetuada e da modulação operada no limite entre o exterior e o
interior. Isso quer dizer que o indivíduo físico é absolutamente descentrado,
periférico em relação a si mesmo, ativo nos limites de seu domínio, esse indivíduo
não possui uma interioridade verdadeira. Já o vivo tem interioridade,
pois a individuação realiza-se dentro, como explica Simondon: “no indivíduo
vivo, o interior também é constituinte, enquanto no indivíduo físico só o
limite é constituinte, e o que é topologicamente interior é geneticamente anterior”
(Simondon, 1964, p.10). O vivo, em todos os seus elementos, é contemporâneo
de si mesmo, ao passo que no indivíduo físico há um passado
radicalmente passado, mesmo quando ainda está em crescimento, como afirma
o autor: “O vivo é, em seu próprio interior, um núcleo de comunicação
informativa; ele é sistema em um sistema, que comporta em si mesmo mediação
entre duas ordens de grandeza” (Simondon, 1964, p.10).
Assim, a concepção do ser em Simondon não repousa sobre a unidade de
identidade mas, antes, sobre a unidade transdutora. Isso quer dizer que o ser
pode se defasar nele mesmo, transbordar-se de um lado e de outro de seu
centro. O que é chamado de relação ou dualidade de princípios são escalas ou
graus do ser, que é mais que unidade e identidade. Nesse sentido, afirma
Simondon: “o devir é uma dimensão do ser, não o que lhe advém consoante
uma sucessão que seria sofrida por um ser primitivamente dado e substancial”
(Simondon, 1964, p.16). A individuação é, pois, devir do ser e não modelo
do ser que esgotaria sua significação. O ser individuado não é nem todo o
ser, nem o ser primeiro.
Simondon propõe-nos apreender o ser individuado a partir do princípio
de individuação e a individuação segundo o ser pré-individual ao invés de
apreender a individuação a partir do ser individuado.

O ser pré-individual dispensa a vigência dos princípios lógicos de identidade
e do terceiro excluído porque tais princípios só se aplicam ao ser
individuado. O princípio de individuação reclama, segundo Simondon, a
operação de transdução:Por transdução entendemos uma operação física, biológica, mental, social, pela
qual uma atividade se propaga gradativamente no interior de um domínio,
fundando esta propagação sobre a estruturação do domínio operado de região em
região: cada região de estrutura constituída serve de princípio de constituição à
região seguinte, de modo que uma modificação se estende progressivamente ao
mesmo tempo que esta operação estruturante. (Simondon, 1964, p.18).

A operação transdutora corresponde, ela própria, à individuação em desenvolvimento.

No domínio físico ela se efetua sob a forma de repetição
progressiva, mas em domínios mais complexos como o vital, por exemplo,
em razão da metaestabilidade, a operação transdutora adquire constante
variação, estendendo-se a domínios heterogêneos. No domínio físico, um
exemplo simples da operação transdutora é o cristal. A partir de um germe
muito pequeno, um cristal aumenta e cresce em todas as direções em sua
água-mãe. Cada camada de molécula constituída serve de base estruturante
para a camada que está se formando e o que resulta de tudo isso é uma estrutura
em forma de rede ampliada. No processo de transdução vital, encontramos
o princípio de individuação orgânica. Há transdução quando as
atividades, funcional e estrutural, partem do centro do ser e se estendem em
diversas direções, como se múltiplas dimensões do ser surgissem ao redor
desse centro. A transdução, neste caso, corresponde à descoberta de dimensões
a partir das quais se define uma problemática. A transdução pode ser
utilizada em todos os domínios da individuação e manifesta a gênese das
relações que se fundam sobre o ser.

Ontogênese e Topologia

A fim de aprofundarmos um pouco a pesquisa do princípio de individuação
de Simondon é importante introduzirmos a topologia no domínio da
individuação vital. Simondon sugere que se aborde as configurações
topológicas do vivo a partir do próprio espaço em que ele se desenvolve e em
função da relação que existe entre um meio interior e um meio exterior. Para
o vivo a condição topológica parece ser essencial, como afirma o autor:

Se existisse um conjunto de configurações topológicas necessárias à vida,
intraduzíveis em termos euclidianos, deveríamos considerar insuficiente qualquer
tentativa de fazer um vivo com a matéria elaborada pela química orgânica; talvez
a essência do vivo seja uma certa ordenação topológica que não se pode conhecer
a partir da física e da química, utilizando geralmente o espaço euclidiano
(Simondon, 1964, p.259).
Um exemplo elucidativo a propósito da condição topológica do vivo é a
membrana, porque a membrana viva caracteriza-se precisamente por ser aquilo
que separa o interior do exterior. A membrana polarizada permeia os movimentos
centrípetos e centrífugos de um corpo. A membrana é viva porque ela
sempre se repolariza. Uma membrana inerte rapidamente seria reconduzida
ao estado neutro, mas a membrana seletiva, viva, conserva suas propriedades
regenerando-se. É ela que possibilita a diferenciação entre a individuação física
e a vital, essencialmente, porque ela é seletiva. É ela que separa o meio
interior do meio de exterioridade.
Para Simondon, o vivo vive no limite de si mesmo, sobre seu limite, e é
precisamente em relação a este limite é que há duas direções: uma para dentro
e outra para fora, mesmo no organismo mais simples e unicelular. O organismo
mais simples chamado elementar não possui um interior imediato, mas somente
um interior e um exterior absoluto. “Para este organismo a polaridade característica
da vida está no nível da membrana; é neste terreno que a vida
existe de modo essencial, como um aspecto de uma topologia dinâmica que
mantém, ela própria, a metaestabilidade pela qual ela existe” (Simondon, 1964,
p.261). Se a vida é um processo de autoconservação dessa metaestabilidade
que exige uma condição topológica, então, pode-se dizer que estrutura e função
estão intimamente ligadas porque a estrutura vital mais primordial e mais
profunda é topológica.

O espaço interno do cristal não sustenta o prolongamento da individuação,
porque esse prolongamento se faz nos limites do cristal em estado de crescimento.

O interior e o exterior existem em cada camada molecular, isto é, na
camada molecular já depositada em camadas em estado de decomposição. Se
retirássemos de um cristal uma parte importante de sua substância não interromperíamos,
contudo, seu crescimento, porque o interior é separado do
exterior ou de seu limite de polaridade. Isso quer dizer que o interior não se
mistura ou não é contemporâneo do exterior. É como se o interior fosse um
passado em relação ao exterior, como afirma o autor:

...para que o cristal se individue é necessário que continue a crescer, esta individuação
é peculiar, em sua massa o passado não serve para nada, tem apenas um papel bruto
de sustentação, não manifesta a disponibilidade de um sinal de informação: o tempo
sucessivo não é condensado (Simondon, 1964, p.263).

No vivo, o espaço de interioridade, com seu conteúdo, tem um papel na
continuação da individuação. Se há ressonância é precisamente porque o que
foi produzido no passado, através da individuação, faz parte do conteúdo do
espaço interior, como explica o autor:
...todo o conteúdo do espaço interior está topologicamente em contato com o
conteúdo do espaço exterior sobre os limites do vivo; não há, de fato, distância em
topologia; toda a massa de matéria viva que está no espaço interior está presente
ativamente no mundo exterior sobre os limites do vivo: todos os produtos da
individuação passada estão presentes sem distância e sem atraso. (Simondon,
1964, p. 263).

Para fazer parte do meio de interioridade não basta somente estar dentro
no sentido euclidiano mas, antes, estar do lado interno do limite, sem atraso,
sem isolamento e sem inércia. O vivo não interioriza somente ao assimilar,
mas também condensa e sustenta tudo o que foi elaborado na sucessão.

O fato de uma substância viva encontrar-se no interior da membrana polarizada
seletiva quer dizer que ela foi absorvida no passado condensado. E se
uma substância está no exterior quer dizer que ela pode advir, ser colocada
em assimilação, lesar o indivíduo vivo: “ela está por vir” (Simondon, 1964, p.
263). É precisamente no nível da membrana polarizada que passado interior
e futuro exterior se afrontam; o presente do vivo é essencialmente este
afrontamento na operação de assimilação seletiva. O presente vivo se faz através
dessa polaridade da passagem e da recusa entre substâncias passadas e
substâncias por vir, que se confrontam no processo de individuação. A
metaestabilidade da relação entre o interno e o externo, isto é, passado e
futuro é aquilo que caracteriza precisamente, para o vivo, o presente. É em
razão desta operação alagmática, isto é, essa operação de troca, que o externo
é externo e o interno é interno .

O Plano das Intensidades em Deleuze

A partir das hipóteses de Simondon, acerca do princípio de individuação,
Deleuze elabora sua própria concepção de individuação.
O campo intensivo de individuação simondoniano configura, em Deleuze,
um meio pré-individual, virtual, no qual se encontram diferenças de intensidade.
Por isso Deleuze se refere ao primado metodológico da embriologia,
segundo o qual o ovo e o embrião constituem um meio intensivo de matérias
não formadas, que Deleuze denomina plano de consistência5 . O embrião, como
sugere Sauvagnargues a propósito de Deleuze: “...é um sujeito larvar, uma
massa material capaz de suportar grandes modificações, um tecido informalsuscetível de atualizar um grande número de formas” (Sauvagnargues, 2004,p. 145).

O embrião comporta movimentos, dobras e tensões, ele indica
dramatizações espaciotemporais, diferençações locais.

A individuação produz a diferenciação como seu resultado: a gênese real
não vai de um universal abstrato à espécie possível, ao indivíduo existente,
mas antes, atualiza um campo problemático virtual, intensivo e real em indivíduos
diferenciados. Nesse sentido, Deleuze aproxima a perspectiva
embriológica de Geoffroy Saint-Hilaire ao princípio de individuação de
Simondon: trata-se de passar da individuação física e vital, introduzida por
Simondon, para a diferenciação cinemática dos materiais.

O ovo vital, campo intensivo de individuação, comporta dois momentos
de uma física das diferenças intensivas: a diferença virtual e a diferença atual. A
diferença virtual assinala a diferençação ideal, perfeitamente consistente. A diferença
atual descreve a diferenciação, ou a individuação, pela qual as diferenças
virtuais tomam a forma de um indivíduo diferençado6 . O ovo nos fornece
o modelo da ordem das razões, pois ele comporta simultaneamente a diferenciação,
a individuação, a dramatização, a diferençação específica e orgânica.
No que diz respeito à diferença de intensidade, tal como implicada no ovo,
essa diferença exprime, inicialmente, relações diferenciais como uma matéria
virtual a ser atualizada.

Um campo problemático de singularidades virtuais, mas reais e diferenciadas,
se atualiza resolvendo sua disparidade inicial, como afirma
Sauvagnargues: “é a individuação que se organiza, se estabiliza, se estratifica
se diferençando” (Sauvagnargues, 2004, p.146). Pode-se assinalar a ressonância
do princípio de individuação de Simondon em Deleuze quando ele
afirma que: “É sob a ação do campo de individuação que tais relações diferenciais
e tais pontos notáveis (campo pré-individual), se atualizam” (Deleuze,
2006, p.347). Mas podemos também reconhecer aqui uma filiação de Deleuze
às teses de Bergson, quando ele propõe que uma tal organização: “... se atualiza,
isto é, se organiza segundo linhas diferenciais” (Deleuze, 2006, p.347). A
idéia virtual e problemática comporta diferenças singularizadas sobre o plano
virtual e se atualiza se diferenciando.


Portador de dinamismos espaciotemporais em vias de organização, o embrião
é, pois, o primeiro modelo de um corpo desprovido de órgãos, corpo
não moldado, pela imagem de uma organização estática, fixada por uma espécie
ou indivíduo adulto e formado. O embrião recebe os três caracteres do
esboço, da intensidade e da passividade ou não resistência às transformações;
informal, ele admite todo tipo de variações. O embrião presentifica justamente
o momento do corpo que se encontra antes da representação orgânica. Ele
contém eixos, vetores, zonas, movimentos e tendências dinâmicas em relação
às quais as formas são pura contingência ou meros acessórios. O embrião
possibilita, pois, pensar a diferençação, a individuação orgânica em devir. Na
medida em que o embrião é tão-somente um esboço, os movimentos de
diferençação orgânica constituem o surgimento das formas específicas. Nesse
sentido, afirma Deleuze:

...o embrião não reproduz formas adultas ancestrais pertencentes a outras espécies,
mas experimenta e sofre estados, empreende movimentos que não são viáveis
especificamente, que ultrapassam os limites da espécie, do gênero, da ordem ou
da classe, e que só podem ser vividos por ele, nas condições da vida embrionária
(Deleuze, 2006, p.352).

Desse modo, Deleuze retoma o projeto de Nietzsche: “definir o corpo em
devir, em intensidade, como potência de afetar e de ser afetado, ou seja, Vontade
de potência” (Deleuze, 2004, p. 149). A atividade da vontade é substituída,
por Deleuze, pela metamorfose do corpo sem órgãos: “...corpo afetivo, intensivo,
anarquista, que só comporta pólos, zonas, limiares e gradientes”
(Deleuze, 2004, p.148).
Essa concepção intensiva do corpo constitui, pois, uma nova concepção
do domínio biológico. À maneira empirista, o indivíduo precede, de direito, a
espécie e deve ser compreendido como um embrião em seu campo de
individuação intensiva, como o próprio ovo vital. Os conceitos genéricos de
espécie e de organismo adulto são meras formas, surgem posteriormente durante
o processo de individuação. Desse modo, a produção de um corpo sem
órgãos pode ser concebida ao conduzir a diferençação específica e orgânica
em direção a diferenciação cinética intensiva dos materiais pré-corporais. Os
órgãos, as espécies, os indivíduos e as partes só existem enquanto resultados
parciais e precários dessa diferenciação vital. Nesse sentido, afirma Deleuze:
Consideramos que a diferença de intensidade, tal como está implicada no ovo, exprime
antes de tudo relações diferenciais como uma matéria virtual a ser atualizada. Este
campo intensivo de individuação determina que as relações que ele exprime se encarnem
em dinamismos espaciotemporais (dramatização), em espécies que correspondem a
essas relações (diferençação específica), em partes orgânicas que correspondem aos
pontos notáveis dessas relações (diferençação orgânica). É sempre a individuação que
comanda a atualização: as partes orgânicas só são induzidas a partir dos gradientes de
sua vizinhança intensiva; os tipos só se especificam em função da intensidade
individuante. A intensidade é sempre primeira em relação às qualidades específicas e às
extensões orgânicas. (Deleuze, 2006, p. 352).

Deleuze valoriza as formas involutivas e o sujeito larvar, embrionário. A
larva ou o embrião constituem a materialidade virtual a se atualizar. A diferenciação
é, pois, verdadeira criação, élan vital bergsoniano que pode, a partir
de Deleuze, evoluir ou involuir: involução criadora deleuziana. A larva é um
modo inacabado ou uma indeterminação imatura do indivíduo ou forma adulta.

A larva, ou embrião, designa um modo de individuação real através da
qual uma entidade se atualiza, sem se assujeitar às transcendências da forma
ou do sujeito, como afirma Deleuze: “Não há mais formas [pré-existentes],
mas relações cinemáticas entre elementos não formados; não há mais sujeitos
mas individuações dinâmicas sem sujeito” (Deleuze, 1998, p.109). As larvas
constituem uma matéria informal variável, uma modulação intensiva das forças,
uma matéria intensa e não formada que ainda não se configurou enquanto
composição estável, apresentando, portanto, um coeficiente mínimo de
organização, como afirma Deleuze:

A verdade da embriologia é que há movimentos vitais sistemáticos,
escorregamentos, torsões que só o embrião pode suportar: o adulto sairia
dilacerado. Há movimentos dos quais só se pode ser paciente, mas o paciente,
por sua vez, só pode ser uma larva (Deleuze, 2005, p.173-174)
Deleuze privilegia o informal e valoriza, na individuação, o primeiro momento
do ser, o momento pré-individual. O primado do informe caracteriza,
em Deleuze, uma filosofia das forças, uma capacidade metamórfica do pensamento
para atingir a variação dos devires e a potência germinativa da vida.
Somos constituídos de profundidades e distâncias, almas intensivas que
se desenvolvem e se reenvolvem, um conjunto de intensidades envolventes e
envolvidas, de diferenças individuantes e individuais, que não param de penetrar-
se entre si.

A individuação pensada sob a perspectiva desses dois pensadores: Simondon
e Deleuze, propõe-nos um novo horizonte de problemas, no qual o ser ou o
sujeito são pensados a partir do princípio de individuação e não a individuação
a partir do ser ou do sujeito. Através da individuação o indivíduo ou ser se
constituem, mas não são, nem o primeiro momento do ser, nem o ser primeiro,
mas somente uma fase do ser que se constitui num campo próprio à
individuação, no campo pré-individual no qual as intensidades e os fluxos, as
diferenças móveis e comunicantes não cessam de se envolver e de serem envolvidas,
constituindo, pois, as potências vitais em germe.


Referências Bibliográficas

Deleuze, Gilles. Diferença e Repetição. Tradução revista de Luiz Orlandi e
Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
______. A ilha deserta. Edição preparada por David Lapoujade. Organização
da edição brasileira e revisão técnica de Luiz B. L. Orlandi. São Paulo:
Iluminuras, 2006.
______. Crítica e Clínica. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed.34,
2004.
Deleuze, Gilles; Parnet, Claire. Diálogos. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro.
São Paulo: Escuta, 1998.
______. Francis


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