Perturbadores, problemáticos, bizarros, alguns nojentos e até mesmo interessantes. O cinema produz um conteúdo que vai dos filmes mais belos aos mais estranhos e que deixam o espectador perturbado. Apesar da muita controvérsia entre críticos, o cinema pode mostrar diversos sentidos, interpretações, abrir questionamentos de todo tipo, entre outras coisas. A questão é como ele faz isso! Hoje, trago alguns dos filmes que mais me deixaram "louco", sendo que alguns abriram até alguns questionamentos surpreendentes. (Esse post será divido em muitos, portanto, os filmes estão fora da ordem e cada semana terá cinco filmes mais um bônus.)


1- Begotten                                                                                                                                                 
Esse filme trabalha com a história bíblica do Gênesis, mas de maneira tão bizarra que fica problemático vê-lo como se fosse algo poético. O filme foi elaborado em 1991, escrito e dirigido por E.Elias Merhinge e se tratava na verdade de um filme experimental. O longa repercutiu por diversos críticos, chegando alguns a afirmarem que é um dos melhores filmes no estilo horror psicológico. No entanto, digo que o filme é um jogo de imagens bizarras, em preto e branco, que quando vi achei que era pura alucinação do diretor.





2- Eraserhead
Digo e continuo dizendo que D.Lynch é um diretor enigmático em muitas coisas. Genial ao mostrar a dialética na "Cidade dos sonhos", idiossincrático no "Homem elefante", eloquente em muitos outros, mas totalmente enigmático em Eraserhead. Segundo Lynch, ninguém jamais entendeu o que significa nesse filme. Também, temos nesse filme: um bebê monstro, um cara pra lá de bizarro, imagens sem sentido algum, danças entre quadros, um frango-assado que se move, etc.

3- The Angel's Melancholy
A partir de agora as coisas começam a ficar bizarras (como se não já estivesse). Esse filme é a coisa mais porca e perturbadora que  já vi. Diferente dos outros dois filmes, Begotten e Eraserhead, "The Angel's Melancholie" foi proibido em diversos países. Difícil, se não impossível, achar esse filme pra download e bom, se você achou, boa sorte, porque depois que vi, fiquei meio atormentado com algumas cenas do filme.
O Trailer não irá dizer pelas minhas próprias palavras, mas se queres saber mais, o filme contém uma enorme quantidade de "filias" sexuais, além de animais no meio, contém várias cenas com sexo e fezes, tortura, humilhação etc.











4-Salo, ou 120 dias de Sodoma
Pasolini é um grande diretor em mostrar, no cinema, questões obscuras, esquecidas, ou acomodadas que podem gerar polêmica. Salo é um filme crítico. Perturbador, aterrorizante, mas muito discutível, dando a trabalhar muitas ideias sobre o que é o ser humano. Salo é um longa antropológico, político, artístico que explora várias facetas do cinema, mas, embora todos esses lados positivos, Salo é bizarro, repugnante e aterrorizador. Emocionante até certo ponto, mas a cada momento que vemos esse filme queremos que acabe logo ou que aconteça algo como ocorre em "Bastardos Inglórios".



5- A Serbian Film
Não é preciso falar muita coisa sobre esse filme. Ficou famoso, deu polêmica, proibido em diversos países e até se tornou "banal" em listas sobre filmes perturbadores. De fato o filme extrapola em algumas cenas, não tem aquele caráter amador, possui um roteiro meio maluco que trabalha com Snuff, mas, de fato, é um filme chocante. O porquê de ter sido proibido é meramente um fato ético... basta analisar as cenas pra ver que qualquer pessoa, sem estômago forte, pode passar mal vendo esse filme.

Bônus- The Philosophy of a Knife
O que mais me assusta nesse filme é ser baseado em fatos reais. As imagens do trailer já são chocantes, então recomendo que quem tenha estômago fraco fique longe do filme e do trailer (Apesar de bizarro). O que posso afirmar é que fiquei uns dias com nojo do ser humano, de maneira desigual, como nunca fiquei antes.
Resumidamente, a história conta os crimes da Segunda Guerra mundial, feitos em prisioneiros de guerra pelo Japão. Quando se fala em segunda guerra, sempre se destaca os nazistas e os campos de concentração, mas é importante lembrar que o Japão capturava chineses e fazia experimentos científicos neles (de todo o tipo). A crueldade é enorme. Como diz o próprio poster do filme: "Deus criou o céu, o homem criou o inferno".




Artigo de F.M.Ogata - Wolf Lars- Lobo Larsen

Ouvia e gritava ao mesmo tempo: "Sem violência, Sem violência!"...Era quinta-feira, dia 13 de junho, nublado, estava impressionado com todo aquele movimento e com tanta gente junto. Na verdade, me sentia feliz por estar lutando em prol de direitos de liberdade, expressão, contra a repressão, a favor da justiça, pelo próprio ser humano. Não era mais uma questão de vinte centavos, era algo maior, mais bonito, profundo e ao mesmo tempo triste. A polícia, mal treinada, seguindo ordens de represália não se mostrou digna. Atacou a todos, sem discussões, ouvia-se policias xingando, aplicando golpes e prendendo por portar vinagre. Quem acompanhou de perto sabe que a mídia não mostrou a verdade, ou pelo menos escondeu os fatos,  criando um discurso ideológico, simbólico, alienante e que  reprime o  livre pensamento. O que se pode dizer acerca dos acontecimentos de São Paulo que estão atingindo todo o país? pode-se abrir uma longa discussão que envolva política, filosofia, economia, sociologia, direito etc., a respeito de tal tema, mas num protesto como esse, o que senti foi que finalmente o "Brasil" parece ter acordado. O que presenciei na última quinta-feira, dia 13, foi uma repressão que implementou um pouco de terror e muita violência. Sim, vi manifestantes que eram violentos e vi manifestantes em prol da paz, pacíficos, mas o que vi principalmente por parte da polícia foi uma atitude autoritária. Considera-se, a partir de Hannah Arendt, que quando o estado aplica violência, terror para fins de controle, estamos na essência de um estado totalitário. Quando vi que a atitude da tropa de choque  foi algo abusivo, aplicado com bombas morais, senti o terror, julguei que os direitos democráticos, embora discutíveis, estavam por água abaixo. Ora, quem presenciou sabe que tinha algo errado lá. Policiais como anônimos? o que era aquilo? vi uma garota apanhando da polícia, sem mais nem menos. Que atitudes são essas? Quem conhece policiais sabe que grande parte só obedece ordens superiores, existe toda uma lógica militar. Quem manda na tropa de choque é o poder do governo, do estado, da administração, culpar somente a polícia é um ato ignorante, embora eles sejam por vezes abusivos por deterem armas que a população não tem, eles foram mal treinados, recebem pra fazer aquilo, muitas vezes alienados e que somente obedecem ordens, se não perdem o emprego. Há algo além da Pm, há todo um sistema que prevalece no Brasil e no mundo.  
Tudo que presenciei me fez crer que as pessoas que estavam lá não eram vândalos, eram pessoas que lutam por seus direitos, direitos que estão sujos por muito tempo, apagados, nulos por vezes. Já era hora de fazer algo nas injustiças que o Brasil possui.
Raws, filósofo norte-americano, em um dos seus maiores livros, fala que a justiça deve ser entendida como equidade e liberdade ( em consideração o véu da ignorância). Levando em consideração o conceito de justiça como algo que todos tem, de forma equitativa, o Brasil parece estar bem longe desse conceito, e nesse contexto, o Brasil vive em um estado injusto, onde poucos tem e conservam como está e quando os que nada tem, ou quem tem reclama pela justiça, a elite reacionária vai contra. 
As manifestações são dignas de todos os ocorridos, mesmo que sou contra em parte do uso violência (apesar de que qual revolução não teve violência?), eu apoio pelo simples fato de como o Brasil está. Não existe justiça no Brasil, talvez em particularidades, não como um todo, vejo um país fragmentado, sem distribuição de renda, desigual. Espero que o evento dos vinte centavos tenha sido o estopim para algo maior e alias, isso já era pra ter ocorrido.
Eu luto por melhorias para todos, uma ética em que preza pela vida acima de tudo, não só uma questão econômica, mas sim por um país que ofereça melhores condições de vida e liberdade, luto pela democracia em primeiro lugar.
Não desconsidero os vinte centavos e não estou do lado dos reacionários também, mas estou a favor da democracia.
Não sejamos niilistas, vamos para a rua! manifestar... ou se não puderem, a internet está aí, uma das maiores ferramentas nos tempos de hoje.
Acorda Brasil! "Winter is coming" - United we stand, divided we fall.

Artigo escrito  por - F. Ogata - Wolf Lars

Alguns videos sobre as manifestações:



http://www.melhorquebacon.com/24-momentos-protesto-sao-paulo/ https://www.facebook.com/photo.php?v=476324595791064&set=vb.100002405820766&type=2&theater

Enfim voltamos com a categoria "Música da Semana"... Que tal começarmos com All Sons and Daughters, com esse belo Clipe?  de brinde Mumford and Sons!



Eu não saberia quais adjetivos seriam cabíveis para resumir "Dogtooth". Excelente? Perverso? Curioso? Bizarro? Talvez todos esses adjetivos e alguns mais, mas com certeza "Dogtooth" é um filme filosófico e chocante!
Dogtooth é um filme grego, dirigido e escrito por Yorgos Lanthimos e lançado em 2009. Dogtooh ganhou prêmio de melhor filme no festival de Cannes e é considerado por muitos críticos, um dos melhores filmes de 2009.
A história de Dogtooth é um pouco excêntrica,  tudo acontece  praticamente em uma casa, onde uma família não tem contato com o mundo exterior (Com exceção do pai). Não se deve falar muito a respeito da sinopse, pois acabaria a graça do longa.
O que exatamente Dogtooth tem que foi tão aclamado pelo público?  Tudo que se passa nele é interessante, discutível, a filosofia transborda nesse roteiro esplendido, as cenas curiosas que lidam com valores morais, a não linearidade da história, eventos metafóricos, a apologia ao livro VII de Platão (Mito da caverna), a enfase na sexualidade, a frieza do equilíbrio ditatorial, os atores, a dramática, o humor que está por trás. Parece que Yorgos leu muito Platão para ter escrito e elaborado esse filme, não só Platão como também Foucault, Freud, Wittgeinstein, Nietzsche, entre outros. Yorgos coloca cenas e mais cenas que nos faz pensar: "Porque?", além de mostrar na história a convenção e o poder da linguagem, mostra  a natureza humana, ingenua, se perguntando o que é isso? os porques? buscando cadeias de causas, lidando com um vigor trágico, pra lá de apolinio, trazendo nos personagens indagações sexuais, curiosidades da natureza humana, levando o público ao curioso, ao perverso, ao misterioso "a-mundo".
Vale a pena ver Dogtooth? É um filme pra quem gosta de coisas estranhas, diferentes, outros olhares, pensamentos nomades e filosóficos. (SIM!)

Comentário por: F.Ogata Larsen- Lobo Larsen

    

É eu sei... O blog anda abandonado e sem quase nenhuma postagem nova.. mas temos os nossos motivos, período de formatura e lá estamos indo para uma nova etapa da nossa vida! (Pelo menos o Gui e eu, os dois criadores) Para recompensar o tempo de não postagens, segue um filme bem "Francês" pra vocês! Na íntegra!


Its hard not to hate.People..things..institutions. Especially when they break your spirit and take pleasure watching you bleed.Hate is the only feeling that makes sense.
But I know what hate does to a man: tears him apart ..turns him into something he's not..
something he promised himself he never become!
It's so hard not to carve under the way of all awful things I feel in my heart.
Sometimes life feels like a deadly bouncing act.. what I feel slamming against what I should do...
impulsive reactions racing the solutions miles ahead of my brain..



Uma das frases marcantes na filosofia de Nietzsche é: "Não existem fatos, somente interpretações". Holy Motors é um filme que demonstra o que Nietzsche disse. Holy Motors é um filme que aparentemente pode ser visto como surrealista, enlouquecidamente dionisíaco e sem menor sentido, mas diante das possibilidades subjetivas interpretativas, ele pode fazer muito sentido e até mesmo ser considerado uma obra prima.
Pode-se dizer que é um longa difícil de ser analisado e mesmo que seja analisado ainda corre o perigo de outrem analisarem de modo diferente, por isso, eis o a genialidade desse filme: Embora sem menor sentido, ele é interpretativo.
Uma coisa é certa: o filme fala sobre a própria vida do diretor. Para entender Holy Motors de uma maneira que seja a do diretor, no mínimo deve-se entender a vida do diretor, seus outros filmes e o seu percurso na história do cinema. Leox Carax parece colocar muita coisa da vida dele em cena. Leox é um verdadeiro artista, se formos analisar conforme sua subjetividade, já que transparece a sua experiência de vida e faz um filme que aparentemente não tem menor sentido. Por outro lado, o filme apresenta aquilo que esteticamente  é genial: Um filme que fala sobre o cinema. Holy Motors pode ser interpretado como filme que traça em nuanças, diferenças, categorias do cinema, isso é, drama, romance, ação, ficção e ainda sim carrega consigo mesmo o roteiro. Um longa sobre categorias de outros longas que não seja um documentário, que possui um roteiro, que lida com diferenças e, a todo instante trabalha com metáforas, é digno de café música e filosofia. A arte de Holy Motors enlouquece,  faz ver de um ponto de vista diferente o que o cinema produz... Drama, musical, comédia, ação. A mudança, o devir, o eterno retorno. O filme é um transtorno geral e sobrecarrega elementos tão subjetivos que ele acaba sendo pessoal, tornando-o complexo de aconselhar. Em suma, Holy Motors é um filme misterioso, já que é um complexo de elementos subjetivos do próprio diretor, mas ao mesmo tempo e ate contraditoriamente, é um longa artístico, com dramatização surrealista e cheios de sentidos a descobrir.
 

F.Ogata - Lobo Larsen

Continuação de "Matrix - Um oceano?"

Após dois pedidos particulares, um de continuação e outro de que explorasse os temas abertos no texto anterior e deixados sem conclusão me fizeram iniciar este novo texto. Portanto seguirei por este texto com a premissa básica da jå leitura de "Matrix - Um oceano".

O tema aberto sem conclusão do controle que as máquinas exercem na Terra agora continua. Os homens, e isso para além do filme, ou seja com a Vida, são a efetiva concretização apenas de uma energia (lembremos que matéria é energia na célebre fórmula do "gênio" Einstein: E=mc2). Ao falar do homem como "apenas" a materialização de uma energia, me vem direto à mente a recordação de uma fala do irmão do Arnaldo Baptista do antigo grupo Mutantes: "Por que essa energia não se esfacela, não se desfaz ao vento, o que mantém esses átomos todos unidos em nosso corpo, em nossa carne?". Sim, porque se somos "apenas" energia, por que simplesmente nos tornamos esse corpo ao invés de continuar sendo o fluído dessa energia, ou seja, por que ao invés de continuarmos sendo rios, calor, frio, vento, ondas, marés, nós do "Nada" nos tornamos esse corpo, e o mais estranho, um corpo que pensa e reflete sobre o próprio ato de estar vivo, o que ao menos parece bem singular no mundo Animal (mas como podemos falar do "pensamento Animal", já que somos tão "diferentes", embora essa diferença seja cultivada nos ambientes culturais justamente nos des-ligando da Natureza para que nossa arrogância aflore e diga: "O Homem é o ápice da Evolução", mas como afirmar essa arrogância se estamos todos os dias participando da Evolução que jamais termina, pois terminar a Evolução seria estar fora da própria Vida na Terra... Teríamos de pensar como os outros animais para falar que somos "diferentes", mas de tão óbvio que isto é se tornou esquecido e obscurecido...). Portanto, esse "apenas" do Homem ser a materialização da Energia se torna o mais abismal e obscuro, como pensar em nossa Origem e nos vermos pertencentes a um Universo cheio de Galáxias e outros cosmos... Para que a Energia dispersa e espalhada no Universo se torne o bicho "Homem", é preciso um "programa" que saiba decodificar essa energia que ficaria dispersa e vagando errante em um corpo e uma forma que permite a nossa vida. Que programa é esse? Hoje, cientificamente damos o nome de DNA, que é o "hardware" que permite o "software" da Vida (esta Vida de todos os dias, que permite abrir os olhos, mexer as mãos, sorrir, se encantar, dar um beijo, um abraço...). O DNA resguarda nele o programa que torna a Energia possível tomar a forma de "Homem". E é da própria Vida e Biologia tomar consciência disto, pois senão nem teria como este texto estar sendo escrito... Aparentemente eu fugi do tema ainda em aberto do controle que as máquinas exercem atualmente no enredo do filme sobre os homens. Mas foi preciso mostrar que o "controle" é da Vida, não dos "homens". "Como assim?" podem pensar, então vamos com calma e aos poucos... A Vida dentro do Universo se encaminhou até à chegada de uma espécie que estranhamente pensa sobre a Vida e faz livros, filosofias, músicas, religiões, discussões sobre esse fato singelo e estrondoso que é estar vivo, sendo este bicho apelidado todos os dias por nós de "homens" (mas podíamos muito bem chamar de Uga-Bungalow e continuaria sendo o mesmo, por isso os nomes talvez pouco importem...). Esses "homens" fazem e agem todos os dias, nos atos mais corriqueiros sem que a consciência "racional" (ou seja do controle, no caso controle de conhecimento) se dê conta. É preciso muito esforço mental para escovar os dentes? Não... Mas nem por isso deixamos de escovar os dentes. O que quero dizer com tudo isso? Que a Vida (o programa inscrito no DNA) age todos os dias mais do que sequer imaginamos, pois nem tornamos isso ainda efetivamente consciente. E onde entram as máquinas e o controle que exercem no filme? Os "homens" fizeram essas máquinas que se "revoltaram" e resolveram dominar os homens, seus próprios criadores. Mas na mais profunda verdade não foram os "homens" conscientemente, foi a própria Vida que levou a fazer máquinas... "Mas então você está naturalizando processos sociais, culturais, econômicos. É reduzir demais..." poderiam dizer, e na verdade? É isso mesmo, estou reduzindo ao mais simples e óbvio que foi esquecido, que a cultura, a economia, a sociedade, as conformações de Estado e Poder não passam nada mais nada menos de uma "vontade" da própria Vida e do Universo... Os operários das fábricas de carro, ao que me parece pois não sou operário de uma fábrica de carro para afirmar categoricamente, não entram em dilemas existenciais do porquê fazem os carros todos os dias, incessantemente, trabalhando para produzirem todos os dias aquelas peças e formas que se tornarão carros, ou seja, eles fazem carros como pessoas escovam os dentes, assim naturalmente sem pensar acerca disso... Então os grandes dilemas "filosóficos" não estão em conflito com a existência deles, e com isso não quero dizer que eles são mais ou menos por terem pensamentos filosóficos (até porque minha concepção de Vida coloca o filósofo muito abaixo do operário que faz carros, porque aqueles se questionam sobre o fato dado da Vida, eles põe em questão o inquestionável do assombramento de estar vivo, enquanto os operários agem porque precisam fazer a manutenção diária da Vida, e não reclamam e resmungam tanto da Vida como os filósofos...). Aonde quero ir com tudo isso? Que a Vida no Universo e em particular na Terra quis produzir máquinas. Ponto. Sem discussão isso. Porque se a Vida realmente não quisesse máquinas elas jamais teriam aparecido à nossa frente. Tão simples e óbvio assim. Se a Vida não quisesse isso, teríamos ficado eternamente sendo pedaços de pedra e calcário sem ter levantado um dia e ficado ereto, aparentemente destoando dos outros animais... Mas não destoamos, somos assim e ponto. Como algo que é assim pode destoar se ele está no Universo? Seria como dizer: "Uma pedra destoa", ou ainda "Uma formiga destoa". Logo se vê o absurdo dessas frases. A Energia que flui no Universo tomou a forma de "homens" que falam, conversam e por ventura fazem máquinas. No filme elas se "rebelam" com seu criador, "o homem" e querem dominar a superfície terrestre. Nada mais humano que querer se rebelar e dominar... No fundo sempre a representação que fazemos das máquinas são mais humanas que máquinas apenas... Ou seja porque o homem já se rebelou com Deus (Universo-Energia-Vida), como na história de Lúcifer querendo ser mais que Deus, mais que Energia portanto, e sofreu com isso ele imputa às máquinas uma atitude "rebelde" que ele teve com o próprio fato de estar vivo. Ou seja, as máquinas de nossas representações são humanas! Mais humanas que nós mesmos por vezes... E esse ato de rebeldia quer implicar em controle e dominação da Terra, bem aquelas representações de desenho infantil do homem mau: "Eu vou dominar o Mundo" e solta aquela risada diabólica... Quem disse que as máquinas, se um dia elas realmente tomarem consciência (porque a robótica em alguns centros de desenvolvimento está chegando a imitar emoções já, como no Japão), vão querer se rebelar com os homens? Por que esse medo e essa angústia gerada de conflito e guerra para o mundo das máquinas? Porque a guerra e o conflito está no coração dos homens, e não nas máquinas! Simples assim. Por isso no texto anterior disse: "O programa que alimenta o mundo das máquinas, máquinas estas que no enredo da história dominam e povoam a Terra há muito já devastada pelos homens que criaram essas máquinas e elas passaram ao "controle" (na verdade nem há controle, mas será preciso outro texto só para este tema) da superfície terrestre", ou seja, para a Vida, para a Energia, para o Universo, nem há controle, existe o que está vivo e na forma em que está vivo, só isso. Por isso nem tem como falar que algo "destoa", as coisas existem e estão como deveriam estar sempre, na forma em que estão. Um dia um bicho resolveu "destoar" e andar em dois pés e não mais em quatro... O que vive é o que vive e só, e isso que vive não tem pleno controle, se existisse plenamente este controle da Vida e da Energia na Terra teríamos de nascer já "prontos" e "perfeitos", nem precisaríamos estar no processo da Evolução (espiritual, biológica, de conhecimento...), porque a Energia de todo o Universo estaria já controlada, por que nasceríamos se a Energia estivesse plenamente em equilíbrio? Por isso nasce em todas as culturas e sociedades a história do Escolhido, do Um, do Herói que tudo faz na história para alcançar o pleno controle da Vida, e Vida é Energia... Essa visão apocalíptica e escatológica do filme da Terra devastada e dominada pelas máquinas é a visão do medo de um tipo de pensamento que quer ter o controle sobre a Terra... Se a humanidade sumisse hoje da Terra, e a própria Terra explodisse todas suas partículas para fora de sua galáxia, que "perda" seria esta senão apenas, e tão somente uma "perda" humana? A Energia no Universo ia continuar, independente de nossa vontade e querer... Assim como um dia segundo a Ciência já habitou sobre a Terra um monte de bichos que eram verdes, pareciam répteis e eram enormes com o apelido simpático de Dinossauros... E foram extintos. Se levássemos o mesmo fim, que falta faria para as estrelas e galáxias? Por que somos tão importantes que não podemos sumir? É o mesmo problema diante da Vida e da Morte... Por que somos tão "bons" que não podemos morrer?



SINOPSE

Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo. 

Do diretor Julie Gavras, trago, depois de muito tempo sem postar nenhuma análise, comentário ou crítica, um interessante filme crítico e de certo ponto filosófico.

O cinema francês é grandioso e uma prova disso é  "A culpa é de Fidel". O longa trabalha com enormes características estéticas, essenciais para que o filme se torne uma obra de arte. A culpa é de Fidel é um filme artístico, com características ideológicas, políticas, filosóficas, mas o que mais chama atenção, não é simplesmente o roteiro, ou a eloquência do questionamento filosófico a todo momento, mas sobretudo a atuação da atriz-criança. Claro que o questionamento filosófico é um ponto primordial nesse filme, mas é bastante observável  um toque de ideologia esquerdista. O longa carrega pontos esquerdistas a todo momento, mas é muito notável, já que temos uma protagonista criança, um questionamento sobre as vantagens, desvantagens, características da ideologia esquerdista, assim como também a direitista. Além da forte presença política no filme, o filme também carrega uma certa crítica a religião, trazendo como forma indireta a diferenciação entre "mito" e "logos".

O longa possui uma fotografia excelente, um roteiro curioso, trilha sonora chamativa e sobretudo, uma atuação fenomenal! 

A questão que se pode por é a seguinte: Vale a pena ver um filme com fortes tendências esquerdistas? A resposta pode variar, porque? embora o filme possa ser um filme ideológico, mostrando as vantagens do posicionamento político esquerdista, o longa trabalha com uma protagonista criança e, aos poucos, no decorrer do longa, percebe-se como a criança tem uma atitude filosófica diante das situações, ela questiona o tempo todo, reclama, procura razões por tudo, o que é de certa maneira, uma prova quando dizemos que toda criança é filosofa. "La Faute à Fidel" não é somente um filme ideológico, ele é um filme que demonstra o quanto uma posição ideológica pode mudar a vida de uma família. Vale a pena ver? Seja qual for o seu posicionamento filosófico, acredito que é um filme interessante, emocionante e com um tom artístico, mas pretensioso. 

F.M.Ogata - Lobo Larsen

Fazia muito tempo que não postava e pra mudar um pouco o perfil do blog, que não é só de cinema, vou apresentar três bandas que trazem um clima dançante.


Bag Raiders é aquela banda que você coloca no carro (principalmente quando está com amigos e indo para algum lugar festivo) e deixa tocar! Os ritmos eletrônicos variam, mas são dançantes em qualquer balada, algumas músicas cantadas, outras instrumentais. Vale a pena ao menos chamar um(a) parceiro(a) para dançar. 

Miami Horror segue o mesmo estilo de Bag Raiders, mas com um toque mais pop, menos agitado, porém mais viciante. Vale a pena? Se gosta de um eletro-pop, provavelmente vai se encantar!

Finalizo com Betoko. Banda um tanto quanto desconhecida, mas dançante e com um estilo mais sensual.




Matrix - Um oceano?

O filme Matrix é aparentemente um filme de ação, com boas cenas e muita tecnologia, na superfície é só isso. Mas como pode um homem falar do mar vendo apenas sua lisa superfície no horizonte? Então vamos mergulhar nesse mar para retirar uma visão "sub-aquática", por assim dizer. Comecemos pelo óbvio, pelo começo. O começo está onde? Em alguma primeira cena? Não, o começo está no título: "Matrix". Que Matrix? O que é Matrix? É o código inicial de um programa, em suma, como diz o nome é a Matriz, o código-mestre, o código-mãe, o código-chave, como queiram chamar, é a raiz de todo o programa. Que programa? O programa que alimenta o mundo das máquinas, máquinas estas que no enredo da história dominam e povoam a Terra há muito já devastada pelos homens que criaram essas máquinas e elas passaram ao "controle" (na verdade nem há controle, mas será preciso outro texto só para este tema) da superfície terrestre. Mas como se "alimentam" estas máquinas, de onde retiram energia para "viverem" e dominarem a superfície da Terra? Dos seres humanos que foram encapsulados em jarros com um líquido que os mantêm estáveis e há um conector na cabeça dos homens que sugam a energia humana para dessa energia humana fazerem funcionar as máquinas e elas se movimentarem e continuarem funcionando. Os homens se tornaram "baterias", "pilhas", "energia elétrica" para as máquinas. Mas como alimentar os homens de energia, porque se as máquinas somente sugassem a energia humana o homem morreria, perderia completamente sua energia e nem teria como alimentar as máquinas, então como alimentar os homens? Aí entra o programa das máquinas, porque a programação que as máquinas fizeram mantêm a atividade cerebral dos homens funcionando (pelo programa) e essa atividade cerebral dá a energia necessária para as máquinas. Mas claro são milhões, bilhões, trilhões de homens talvez, todos encapsulados para dar essa energia necessária às máquinas. E o que esse programa faz? Como ele age? O que é ele? O programa é o código-Matrix em funcionamento. Quando o programa está rodando ele alimenta o cérebro humano, mantêm vivo o corpo físico dos homens. E essa "vida" é o programa que funciona no cérebro dos homens. Até o momento um bom enredo, mas é o bastante para ter enunciado no título “Oceano”? É que o desenrolar do “programa” é a própria vida em suas diminutas nuances e sutilezas. Tudo está ali: Destino, Escolha (palavra ruim para determinar sua essência que será explicada), Caminho, Morada, Espírito, Energia, Universo, Liberdade, Ilusão, Aparência, Redenção, Graça... O filme Matrix alcança uma espiritualidade maior que muitos livros ditos espirituais, mas é preciso olhos e atenção...Podemos começar pelo próprio programa que é algo gerado pelas máquinas e apenas “funcionam” na mente humana, como uma “Ding an sich” kantiana, ou seja, um programa apartado da vivência humana mas que por mais apartado que esteja é essa distância, esse abismo que permite a vivência humana... Contraditório? É o próprio Deus (Universo, Energia, a palavra que quiserem) que transcendendo o homem permite a sua existência (o Nada de Heidegger). Esse programa “externo” ao homem que o permite viver, ecoa um mundo que não é o “real” na mente dos homens, apenas para alimentar as máquinas, ou seja, o mundo das máquinas (real) permite pelo programa o mundo (ilusão), e eis a mais perfeita manifestação da interpretação cristã do platonismo. Aliás aqui podemos avançar um pouco na história para explicar justamente o nome do protagonista, Neo, que é o novo, a novidade, a “Boa Nova”, o próprio evangelho anunciado em vida, em carne e osso, a encarnação de Deus. E Neo também é o “One”, o Um, o Uno, a perfeição que tudo reúne em si, que encarna a própria força de Deus na Terra, e vem para equilibrar a energia no Universo após o desequilíbrio do “Mal”, após a expulsão do Paraíso, pelo conhecimento humano de Bem e Mal. Eis o que mal se entrevê nas cenas de ação... Mas uma história que remonta à própria realização de pouco mais de dois mil anos de Ocidente. Neo é o próprio redentor da humanidade e das máquinas, reúne homens e Deus, para além de uma briga mesquinha entre Deus e homens. Repete-se a história do dilúvio, mas retornemos a história para chegar ao dilúvio. O programa na sua atividade mantém a vida humana, e cria imagens no cérebro humano, como a vida que hoje e nesse instante estamos vivendo “de modo ilusório”, em que as pessoas andam, comem, dormem, sorriem, contam histórias, abraçam, amam, beijam, enfim, seguem suas vidas cotidianas. Mas há homens que se desligaram das máquinas e vivem como refugiados das máquinas, em subterrâneos e escondidos caminhos, e um deles em especial acredita em uma profecia que ouviu de dentro do programa Matrix, de que haveria um escolhido que não seria igualado em força e poder e iria restabelecer o equilíbrio entre homens e máquinas para um perfeito convívio. É Morfeu. Esse nome já é emblemático, mas deixemos o nome por ora. Esses homens que vivem nos subterrâneos de uma Terra devastada, também conseguem se ligar ao programa Matrix mas de uma forma “pirata”, “clandestina”, sem o consentimento das máquinas, e por vezes correm perigo justamente por entrarem no programa de forma “não-convencional”. E se conseguem viver fora das máquinas, no mundo “real”, por que querem e entram novamente no programa das máquinas? Porque está para acontecer uma guerra entre homens e máquinas, e a cidade refugiada dos homens, chamada Zion (nome também emblemático), parte dela crê nas palavras que Morfeu ouviu do Oráculo no programa, e estão buscando o Salvador, o Redentor, o que trará Paz e Equilíbrio entre os homens e máquinas, que é o Neo, o Escolhido. Morfeu e seu grupo está procurando Neo no programa, porque eles não sabem onde ficam exatamente os homens na imensidão de cápsulas que contêm os homens, eles só conseguem localizar na cápsula se encontrarem dentro do programa das máquinas. Eis o início do filme, o senhor Anderson (Neo) sendo chamado para conversar com Trinity (mais um nome emblemático e simbólico), que acredita junto a Morfeu que há um escolhido para trazer a Paz, enquanto parte da cidade de Zion não crê em Morfeu, e não só não crê como zomba das “profecias mirabolantes” de Morfeu. O senhor Anderson é então levado a uma conversa com Morfeu das mais profundas que possa se ter em vida, que uma falta de equilíbrio emocional pode levar a um desespero sem tamanho, como se fôssemos lançados sem prévia preparação aos problemas de Berkley e ao mundo das Idéias de Platão que pode gerar uma reação atormentada como no mito da caverna em que alguém vem contar às pessoas presas e que só vêem sombras que há um Sol e um Mundo gigante lá fora, e a descrença e atordoamento dos outros levam a matar esse que anuncia isto... Senhor Anderson tem diante de si uma possível decisão (e nunca escolha, porque a escolha exige vivenciar dois caminhos simultaneamente e retornar ao ponto de origem e efetivamente escolher após ter visto os dois caminhos o que se quer, e em vida somente é possível a decisão, jamais a escolha, a menos que a clarividência tenha sido alcançada, mas isso é outro tema...), tomar uma pílula que é um “anti-programa” dentro do próprio programa da Matrix que anularia o programa e faria com que ele saísse da cápsula no mundo real e pudesse viver como homem “carnal”, ou então tomar a outra pílula que o mantém intacto e vivendo como sempre viveu na Matrix, sem que nada se altere. E é claro que para continuação do filme ele toma a pílula que sai do programa e tudo se altera, para o bem de nossa imaginação... Aí toda a vivência anterior do senhor Anderson se torna algo extremamente estranho, embora sua rotina e cotidiano entediante fossem naquele momento em que era vivido a “única” forma possível de viver, e se abre um universo tão inimaginável que a tendência inicial do senhor Anderson é negar, negar até o mais íntimo, pois a negação de algo tende a nos manter firmes com nossas pretéritas afirmações, como um mecanismo raso e pequeno de defesa. Mas Anderson adquire consciência que estava defendendo algo que nunca chegou a entender até a raiz, então se viu defendendo o próprio vazio, o próprio Nada da existência... Isso atordoa. É preciso força. Mas fora do programa já não há retorno, então a fase da aceitação vem chegando, e um novo entendimento de vida e o que é no fundo estar vivo...

A resenha e explicação do filme continua, mas se encontrar eco nas almas, e elas pedirem para continuar, por ora eu paro e espero os comentários e opiniões, e se devo continuar ou não.

André

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