Eu aclamava por poesia, detestava o terno e os sapatos da sociedade. Jovem, destemido e com uma ingenuidade enorme, era um inocente no mundo. Tentava me adequar a arte, abraçava a solidão e beijava as palavras. Talento não reconhecido, talento não adequado. A cultura do vazio não permite imperfeições. Não consegui seduzir a sociedade do desejo, do prazer instantâneo. Envelhecendo aos poucos, bebendo os clichês da mídia, fui me tornando algo. Este não era a genialidade que buscava, não tinha um poder poético singular. Da literatura até a poesia, tudo me sentia e me perfurava. Não consegui criar ou inovar, me adaptei à necessidade, adquiri sinceridade, perdi aos poucos a honestidade dos devaneios, mas aqui estou, escrevendo...palavra por palavra, sentimento mais emoção, um pouco de razão aqui, um pouco de filosofia ali, e logo estaremos nos trinques. Eu queria ser um escritor reconhecido, mas não o sou, talvez um dia, muito fora dos padrões, muito heterodoxo. Eu queria ser um escritor, não o quero mais, pois já sou. 

F.M.Ogata - Wolf Lars

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Blog formado por estudantes abordando temas culturais como cinema, filosofia, música, tecnologia, arte, etc.

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