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O dogmatismo é uma forma se se posicionar em relação à possibilidade do conhecimento e à existência da verdade. Segundo essa corrente de pensamento, não faz sentido problematizar o conhecimento, não faz sentido duvidar da razão humana, sendo a nossa consciência cognoscente capaz de apreender o que está diante dela facilmente. Em um âmbito geral, podemos chamar de dogmatismo as posições que trabalham com conceitos e conhecimentos prévios e que não os discutem, por ser ilógico discutir os fundamentos.

As filosofias moderna e contemporânea, em sua maior parte, deixaram a concepção dogmática. As percepções atuais vigentes, em relação ao conhecimento e à realidade, são o relativismo, o criticismo, o pragmatismo, o construtivismo... O que há em comum na visão filosófica contemporânea, em relação ao conhecimento, à verdade e à realidade, é a problematização, o exame das relações, do contexto cultural e histórico, e a tese principal, de que não há verdade absoluta e universal.

Parece que o dogmatismo e os dogmas foram deixados de lado, que não há mais a falta de problematização, a concepção de pressupostos que não devem ser negados ou discutidos. Parece, mas não é bem assim. Até a menos dogmática das correntes filosóficas tem seus fundamentos em dogmas. Estranho, não?

Usemos o exemplo do ceticismo pirrônico. Segundo a concepção cética de Pirro de Elis (360-270 a.C.), não há conhecimento, apenas opinião. Partindo desse preceito, ele desenvolve sua ideia de suspensão de juízo, da diferença entre opinião (doxa) e conhecimento (episteme). Mesmo essa forma mais radical de ceticismo, onde seria difícil pensarmos em dogmas e falta de problematização de pressupostos, há a presença de dogmas. Simplesmente, quando Pirro diz ser impossível o conhecimento, ele faz uma proposição objetiva, um juízo de valor, ou seja, um conhecimento. Sem me focar na auto-refutabilidade do ceticismo pirrônico, quero me ater a fazer com que você, leitor, perceba a existência de dogmas. Nessa concepção pirrônica, o pressuposto que fundamenta ela não pode ser negado ou discutido.

Isso acontecerá com qualquer posição em relação à epistemologia, ontologia, ética ou qualquer outra área da filosofia. São os dogmas que fundamentam as posições, em menor ou maior grau. E isso não é nem deveria ser algo negativo. Se existisse uma concepção que afirmasse algo, mas o negasse logo depois, e logo negasse ou discutisse a afirmação, e assim por diante, não haveria a concepção, pois concepções são feitas por juízos e proposições, não pela infinita autonegação de ideias. Um filósofo que falasse algo e ao mesmo tempo o negasse, e o fizesse constantemente, perderia sua credibilidade.

A linguagem filosófica é conceitual. Os conceitos são fundamentados em afirmações ou negações, e as posições defendidas devem afirmar um ou outro pressuposto logico e indubitável, para se desenvolver. Ser fundamentada em dogmas não faz da tese dogmática. E a existência de dogmas que vai abrir alas à críticas, positivas ou negativas, em relação à tese. Todo filósofo é dogmático em dado momento, e devemos refletir sobre isso, em um tempo que critica e crucifica tanto posições dogmáticas, um tempo onde vemos apenas um pensamento niilista em relação à realidade.

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