Eu aclamava por poesia, detestava o terno e os sapatos da sociedade. Jovem, destemido e com uma ingenuidade enorme, era um inocente no mundo. Tentava me adequar a arte, abraçava a solidão e beijava as palavras. Talento não reconhecido, talento não adequado. A cultura do vazio não permite imperfeições. Não consegui seduzir a sociedade do desejo, do prazer instantâneo. Envelhecendo aos poucos, bebendo os clichês da mídia, fui me tornando algo. Este não era a genialidade que buscava, não tinha um poder poético singular. Da literatura até a poesia, tudo me sentia e me perfurava. Não consegui criar ou inovar, me adaptei à necessidade, adquiri sinceridade, perdi aos poucos a honestidade dos devaneios, mas aqui estou, escrevendo...palavra por palavra, sentimento mais emoção, um pouco de razão aqui, um pouco de filosofia ali, e logo estaremos nos trinques. Eu queria ser um escritor reconhecido, mas não o sou, talvez um dia, muito fora dos padrões, muito heterodoxo. Eu queria ser um escritor, não o quero mais, pois já sou.
F.M.Ogata - Wolf Lars
Uma primeira abordagem seria puramente psicológica, ou seja, a causa é estritamente do individuo que estupra, onde ele pode possuir um histórico pessoal problemático ou não possuir uma consciência ética, ou ainda não ter sido "educado" adequadamente. Se o estuprador não foi educado adequadamente, a causa não é estrita e sim social, onde provavelmente não teve uma boa educação ou não sabe questionar. Caso considerarmos a educação como ponto culminante da causa, então chegamos ao velho clichê "A solução do Brasil é a educação". O problema do clichê é que não basta um longo investimento financeiro na educação e um incentivo aos salários dos professores, é preciso além disso, uma reformulação na educação. Reformular a educação de uma maneira mais democrática, aberta e crítica, onde o indivíduo aprenderia a olhar a sociedade sob diversos pontos de vista, aprenderia ética, buscaria razões para qualquer tipo de opinião e formularia suas próprias questões. Reconstruindo a educação e criando uma razão crítica na sociedade, talvez reduziria os estupros. Digo talvez pois mesmo com uma educação reformulada ainda existe uma natureza humana.
Nesse sentido não basta só uma mudança na educação, mas sim uma mudança na cultura em geral, na política, reformas sociais, incentivos da mídia. A violência contra a mulher é um processo histórico que deve ser eliminado.
"Lá distante, meio aterro de almas soterradas pelo sofrimento, John dizia a si mesmo se poderia continuar com aquela canção. Tinha apenas algumas memórias embaçadas de sua mulher, imagens dos guerreiros mortos em último combate, discursos dos generais de guerra, algumas algazarras de seus colegas e claro, sua rabeca e alguns versos. Se parasse com aquela canção era o fim, seria considerado um desertor e o rei iria enfocar sua cabeça, assim como quase todos os seus amigos.
John, não sabia muito bem o que acontecera noite passada, mas os soldados do rei estavam agitados, pareciam ansiosos com algo que poderia acontecer. O soneto continuava, os dedos se misturavam em sua rabeca e enquanto isso, alguns nobres fitavam-o como se fosse um ser divino.
John não era muito bonito, tinha cabelos escuros, nariz apontado, olhos grandes arregalados, dentes estourados de guerra e ainda havia uma cicatriz marcante em sua bochecha, além da barba mal feita e serrilhada. Algumas donzelas achavam-no atraente com sua rabeca.
Quase que morrendo por dentro, John cantava e tocava sua rabeca, pra quem ouvia parecia uma mistura de melancolia e harmonia. No momento em que John chegava em uma espécie de refrão, um soldado se aproximou, tocou a cabeça de John com uma espada, de forma que John quase parou sua canção, e falou..."
Trecho de "Crônicas e ensaios sobre a vida."
Esse trecho é uma parte do que estou tentando escrever, não espero críticas boas, mas por favor opinem!
F.M.Ogata Larsen
O blog teve um percurso interessante. Desde a sua abertura passamos por inúmeras ausências, posts com muitas visualizações, com poucas, muitos chegaram a seguir o blog e mesmo assim, não atingimos o esperado. Tentamos por vezes aumentar os posts, mas o público parece preferir coisas que sejam de mais fácil acesso e pouca leitura... Então, decidimos...
Que o blog volta! e volta com tudo... Além do blog, vamos elaborar um vlog, dois videos por mês sobre as publicações para os preguiçosos de plantão. Aguardem por novidades.