É notório que a internet é o meio que mais possibilita a veiculação de uma ideia ou de um conceito. Grupos que não tem seus espaços em qualquer outro meio, pode usar a internet para promover sua ideologia, suas crenças e encontrar seguidores. Exemplos de grupos que ganham notoriedade na internet são os ateus. É bem possível que não haja outra mídia em que as ideias do ateísmo são tão veiculadas e vistas como na internet. Outro grupo que ganha notoriedade na internet é o grupo dos anarquistas.

Na verdade, é bem possível que se fizermos um levantamento do número de pessoas que se dizem anarquistas em redes sociais, implícita ou explicitamente, teremos uma maioria, próxima de uma totalidade. Talvez seja um equivoco a minha ideia quantitativa, mas o fato é que há bastantes anarquistas na internet. Ao menos, segundo o senso comum, pois anarquistas, de fato, acho que existem poucos, e estes poucos não devem tagarelar tanto pelo twitter e facebook. Primeiramente, para sustentar a ideia que tenho, de que poucos dos webanarquistas são mesmo anarquistas, devo dar a ideia básica do que é o anarquismo.

O que precisamos saber, para entender o que é o webanarquismo, é que a anarquia não é simplesmente um abandono de questões ou uma anomia (negação de regras). A Anarquia é a proposta de que podemos viver em uma sociedade pacífica e equilibrada, sem hierarquias ou princípios de sociedades hierárquicas. O anarquismo pensa em uma capacidade de cada um poder gerir sua vida política, social e cultural, sem a necessidade de imposições hierárquicas, imposições “superiores”.

O webanarquismo, ou webanarquia, é uma coisa bem diferente. Essa anarquia que é vista e promulgada hoje na internet está longe de ser uma busca pela capacidade geral de gestão política independente de hierarquias. Esta webanarquia é muito mais próxima do niilismo, um esvaziamento de sentido, a impossibilidade de ordenação moral. E isso é notório quando vemos frases como “é impossível viver em sociedade”, “a ética, a moral, a política, nada fez sentido”.

O niilismo político, em uma sociedade, pode provocar a decadência desta. O anarquismo não. O niilismo social não acreditaria em virtudes, em leis naturais, na ética, no respeito. Não acreditaria nada, seria um total esvaziamento do sentido. O niilismo social, ao meu ver, é impossível. E está bem longe de anarquia, que pretende uma ordem. Talvez seja difícil pensarmos em ordem sem hierarquias, pois vivemos em uma república, em um país capitalista, com poder legislativo, judiciário e executivo. Pensar em uma sociedade organizada sem hierarquias é difícil. Não acho que seja preciso, mas se você for aprovar isso, tudo bem, só saiba diferenciar o que você fala do que é de fato a proposta anarquista.

4 comentários:

Muito certo isso! Esses ateus e anarquistas de internet sequer leram a respeito do que tanto "seguem". De fato há poucas pessoas que podem afirmar ser tal coisa, quando são, não ficam espalhando pelos ventos. Basta ela acreditar no que é e pronto.

Surpresa e felicidade minha ao encontrar um texto como este... primeiro porque fala a verdade... segundo porque traduz meu pensamento...
O que mais me surpreende nas pessoas , tanto aqueles que se proclamam como aqueles que se declaram contra... é a ignorância do conteúdo do que pretendem expor ou contrapor...
Obrigada por este intervalo promissor em meio a faina de argumentos vazios...

Acreditar em leis naturais como materialista e historiadora é dificil. Nossos valores anarquistas nao sao naturais, mas surgem historicamente, forjados pela propria opressão que nos sofremos: nossos valores sao na realidade a convergência e a elaboração da nossa negação primaria e viceral à qualquer forma se opressao. Logo, nossos valores não sao naturais e ahistoricos, mas surgem como resposta a imposição do estado, do capital e de toda hierarquia e coerção. Por isso consider o anaquismo niilista, porque em essência ele é a negação mais profunda do que a sociedade ocidental mais faz, que é oprimir.

Um adendo: estou ceiticando a ideia jusnaturalista de valores naturais,pois tal ideologia é profundamente idealista, sendo a base em muitos aspectos da ética liberal mais burguesa e conservadora, que naturaliza o estado e a natureza humana. Os maiores conservadores afirmam que sua moralidade é natural, pois provem de uma razao pura que ha esta dada por ai na natureza para ser descoberta pelos "civilizados e esclarecidos". Geralmente eles atribuem a autiria dessa moralidade ao deus cristão e não ao ser humano.

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