Nós, estudantes das Universidades e grandes escolas francesas, nos declaramos inteiramente descontentes com o ensino de Economia recebido pelas seguintes razões:

1) Abandonemos os mundos imaginários!

A maior parte entre nós escolheu o curso de economia para adquirir compreensão aprofundada dos fenômenos econômicos aos quais o cidadão de hoje é confrontado. Ora, tal como o ensino é ministrado, na maior parte dos casos trata-se do ensino da teoria neoclássica ou de correntes dela derivadas, não atende a essa expectativa. Com efeito, se a teoria legitimamente destaca-se das contingências, no primeiro momento, ela raramente efetua o retorno necessário aos fatos: a parte empírica, isto é, história dos fatos, funcionamento das instituições, estudo dos comportamentos e das estratégias dos agentes, tudo isso é praticamente inexistente. Por outro lado, esse afastamento do ensino em relação a realidades concretas coloca, necessariamente, o problema de adaptação para aqueles que gostariam de se tornar úteis aos atores econômicos e sociais.

2) Não ao uso sem controle dos métodos quantitativos!

A utilização do instrumental quantitativo parece necessária. Mas o recurso à formalização matemática, quando ela deixa de ser instrumento e torna-se fim em si mesma, conduz à verdadeira esquizofrenia em relação ao mundo real. A formalização permite, em compensação, construir facilmente exercícios, “transformar” os modelos, onde o importante é encontrar “o bom” resultado, isto é, o resultado lógico em relação às hipóteses de partida, para poder fornecer boa imitação. Isso facilita a notação e a seleção, sob a cientificidade aparente, mas jamais responde às questões que nós nos colocamos sobre os debates econômicos contemporâneos.

3) Por pluralismo de abordagens em economia!

Na maior parte das vezes as aulas não deixam espaço para a reflexão. Entre todas as abordagens existentes geralmente nos é apresentada apenas uma, e ela pretende explicar tudo segundo o desenvolvimento puramente axiomático, como se fosse A Verdade econômica. Nós não aceitamos esse dogmatismo. Nós queremos explicações plurais, adaptadas à complexidade dos objetos e à incerteza que cobre a maior parte das grandes questões econômicas: desemprego, desigualdades, o lugar dos mercados financeiros, vantagens e inconvenientes do livre comércio, globalização, desenvolvimento econômico etc.

4) Apelo aos professores: acordem antes que seja tarde demais!

Nós bem sabemos que nossos professores estão submetidos a certos constrangimentos. Mesmo assim, nós solicitamos o apoio de todos aqueles que compreendem nossas reivindicações e que desejam mudanças. Se isto não ocorrer rapidamente, o grande risco é que os estudantes, que já começaram um movimento de retirada, abandonem em massa o curso que ficou desinteressante, porque foi desligado da realidade e dos debates do mundo contemporâneo.

NÓS NÃO QUEREMOS MAIS TER ESSA CIÊNCIA AUTISTA QUE NOS QUEREM IMPOR.

Nós não pedimos o impossível, mas apenas que prevaleça o bom senso. Portanto, nós esperamos ser ouvidos o mais rápido possível.

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