Olá apreciadores do bom cinema!
Como prometido, venho aqui de novo, passada uma semana desde meu último post sobre o clássico moderno de Paul Thomas Anderson, Sangue Negro. Bom, se este último filme é um exemplo claro do chamado cinema de gênero americano, vou dar uma virada brusca de sentido para mostrar-lhes desta vez um filme de um gênero no mínimo incomum hoje em dia, os filmes de monstro.
Monstro!?
É.
Mas como assim, monstro tipo Godzilla, King Kong??
É.
M-m-mas é bom?
É, e muito. As vezes melhor até que um melodrama inglês ou uma comédia francesa. Muito melhor.

Especialmente essa pérola aqui, um filme sul-coreano (Coréia do Sul que tem se revelado a melhor surpresa asiática dos últimos tempos no cinema) de 2006, dirigido por Bong Joon-Ho (dos tambem excelentes Memórias de um Assassino e Mother - A Busca Pela Verdade que estreou esse ano no Brasil) e que possui o que considero um dos mais altos atributos dados à um filme. É quando um filme, nesse caso específico um Filme "B" de monstro, ultrapassa os limites do próprio gênero e navega por diversas áreas do cinema. O que isso quer dizer? Que esse filme é muito mais do que um filme de monstro. Dependendo da ótica, pode ser visto como um drama familiar intenso, uma história de superação e uma reflexão sobre o amor incondicional que existe na relação pai e filho. Nossa! mais tudo isso?? Num filme de monstro? Incrivelmente, sim.

A história é simples: Um oficial americano de uma base dos EUA na Coréia do Sul dá uma ordem à um empregado de jogar diversos produtos químicos extremamente tóxicos literalmente pelo ralo, o que faz com que esse material radioativo acabe em algum rio sul-coreano. Pois bem, o que ninguem esperava é que desse material surgisse nada mais nada menos do que um enorme monstro de formato anfíbio (muito bem feito por computação gráfica, por isso a remota classificação como filme B), que resolve sair de seu habitat e caçar humanos em um - o que parece ser - parque que fica ao lado desse rio, onde sempre existem centenas de pessoas contemplando a paisagem. O que acompanhamos no filme é uma família que possui um de vários quiosques que ficam nesse parque, mais especificamente uma menina inteligente, seu pai preguiçoso, e seu avô trabalhador. Ainda na familia temos a tia da menina, que é uma arqueira profissional, e seu tio, um bêbado que apesar de parecer inútil se revela bastante esperto - mas os dois só aparecem mais adiante na trama. É então que quando o monstro que habita o rio sai dele e, depois de muito caos, descobre-se que ele acabou por pegar a coitada da menina da família. O que vem a seguir é simplesmente uma aula de roteiro, direção e - de vida.

O jeito como o filme mostra a luta incondicional dessa simples família para ter sua filha de volta é tão comovente e tocante que é impossível ficar alheio a sua causa. No filme inteiro você deseja com muita ânsia que eles consigam completar a árdua tarefa, você quer estar lá, ao lado deles, nem que seja pra dar seu apoio à familia cativante. O modo como a história é abordada é magnífico, e, o que começa como uma história despretensiosa, em questão de tempo toma proporções Homéricas - é quase uma Odisséia. Os atores são fantásticos, há cenas em que realmente dá vontade de entrar na tela e carregá-los nas costas pra que consigam passar pelos inúmeros obstáculos que são colocados em sua frente. O mais revoltante pra mim foi, definitivamente, a atitude do governo com as pessoas que tiveram contato com o monstro, é inexplicável, tem vezes que sobe o sangue mesmo. Eu gostaria de poder falar aqui dos aspectos técnicos do filme, mas eu nao posso - eu simplesmente fiquei tão preso à trama que não deu pra prestar atenção em nada que não fosse aquela família unida por uma única causa.

A todos os leitores, eu faço um apelo: Não deixem que preconceitos ou julgamentos rápidos os façam deixar de ver este filme. Tudo o que você procura está ali, seja o Drama, a Comédia, Aventura, Ação, Efeitos Visuais, tudo, apenas embalado como filme B de monstro. Não deixe de se emocionar por essa grande história vinda dos territórios asiáticos.


Trailer do filme: (Não se deixe enganar por ele, o trailer é feito para audiências ocidentais e tenta vender uma imagem que o filme não é)


Crítica por Isabela Boscov:

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