Tudo tem seu custo, nada é de graça, a liberdade custa caro! Mas ao mesmo tempo, o poder não é tão ruim, ou é ?
Enfim, Dogville é uma história fascinante, um longa metragem de 3 horas, que VALE MUITO A PENA, não tenho medo de dizer que foi o melhor filme que eu já em toda a minha vida. Filosofia sem limites, exploração da moral, questão da liberdade, sangue de vingança, bom ou mal ?
Concerteza esse filme foi o melhor filme que eu já vi. Interpretado pela linda da Nicole Kidman.
O filme todo é filmado em um galpão da suécia, narrado como se fosse um livro, há também a ausência de trilha sonora no filme, câmera na mão, não há deslocamentos temporais ou geográficos. O filme todo é em formato ''teatro do absurdo''.

Como disse é o melhor filme que eu já vi. O melhor de tudo é que o diretor tira uma com a nossa cara...

O diretor do filme é um dos meus favoritos que é o Lars Von Trier, ele trabalhou bastante no filme com o modelo Dogma 95.

Na parte de filosofia, há uma grande exploração que eu mesmo analisei, de sentidos como poder, opressão, o estoicismo (abandono da emoção) que é um fato que eu adorei, um pouco de Nietzsche e concerteza Rousseau quando fala do bom selvagem, que na verdade o filme mostra praticamente outra coisa.

O filme é dividido em 9 partes mais um prologo...
O filme faz parte de uma trilogia e esse é o primeiro!

Aqui vai o trailler:



AGORA PRESTE ATENÇÂO, se você for ver o filme, não leia esta parte, agora se não for ver, leia todo o resumo da história

O filme começa com uma tomada de cima para baixo, onde pode-se ver o desenho da cidade (com as marcações dos espaços das casas desenhados no chão). Essas tomadas perpendiculares repetir-se-ão em diversas cenas, sendo marcos importantes da narrativa. O narrador vai então apresentando os personagens um por um ("todos têm pequenos defeitos facilmente perdoáveis") e contando suas histórias.

Entre os moradores de Dogville, o personagem principal é Thomas Edison Jr., um escritor que para protelar o dia em que terá que começar a escrever seu livro se ocupa em pregar sermões a toda a comunidade sobre rearmamento moral. Ele está procurando um exemplo para servir de ilustração às suas teorias e assim comprovar que os moradores não são capazes de aceitar novas situações, quando é interrompido por barulhos de tiros a distância.

Nesse momento entra Grace, uma bela jovem com um vestido que denota sua origem de família rica. Ela diz a Tom que está fugindo de um gângster e Tom, percebendo nela o exemplo perfeito para sua palestra, lhe dá cobertura.

Os moradores de Dogville a princípio recusam-se a aceitá-la, e Tom propõe que dêem a Grace um prazo de duas semanas, para então decidirem sua sorte. Grace, em compensação, deve ajudá-los em tarefas cotidianas. Apesar de não admitirem, eles jamais dão coisa alguma, não há generosidade ou aceitação: há um sistema de trocas e é esse sistema de compensações (o quid pro quó) que, aliado à personalidade de perdoar de Grace (seu altruísmo), anuncia a tragédia.

Os moradores relutam até mesmo em aceitar a ajuda de Grace, mas acabam aceitando e Grace rapidamente começa a passar seus dias ocupada em fazer pequenas coisas que "não são necessárias", mas que os moradores "generosamente permitem" que ela faça. E assim passam-se as semanas, os moradores aceitam que Grace fique na vila, como mais um favor que ela ficará devendo a eles.

Tom confessa a Grace que gosta dela e é correspondido, mas ele não assume publicamente seu amor perante Dogville, mantendo o romance deles secreto e mantendo Grace na condição de estrangeira.

A aparente tranqüilidade da situação começa a mudar no dia da Independência, quando a cidadezinha recebe a visita da polícia, que afixa um cartaz onde Grace é apontada como procurada.

Os moradores de Dogville consideram ainda maior a dívida de Grace com eles, fazendo cada vez mais exigências, que diante da permissividade e comportamento passivo de Grace, rapidamente transformam-se em abusos. Uma cena forte do filme é quando Chuck a estupra, como "pagamento" para que ele não a denunciasse às autoridades. Aqui a função do cenário vazio é clara: a ausência de paredes dá a nítida percepção de que todos sabem o que se passa, mas fingem não ver.

A comunicação também não parece ser possível para os moradores de Dogville. O que eles falam passa longe de significar o que realmente querem dizer. Quando questionados são evasivos, mudam de assunto ou simplesmente respondem outra coisa. Chuck fala de colheita de maçãs quando está querendo abusar sexualmente de Grace, e Ma Ginger reprime-a quando ela passa entre os arbustos, com argumentos que simplesmente não correspondem àquilo que ela diz.

Desse ponto em diante a constante dívida de Grace com a comunidade só cresce e ela torna-se uma escrava não só de trabalho físico como sexual. Em pouco tempo a tratam como uma vaca, que puxa um arado, onde os caipiras se aliviam. Somente Tom, sem capacidade de tomar qualquer atitude, não a viola. E é após ela o rejeitar, que ele decide dar um basta nessa pequena metáfora ilustrativa que ela representa, chamando o gângster que a procurava.

Nesse momento revela-se que Grace não está sendo ameaçada por eles, mas é a filha do chefe maior. Não há surpresa no final: desde que Grace entra no carro o diretor vai preparando a platéia com a ideia de que haverá um massacre. E sem dúvida, não fosse este final apoteótico, o filme terminaria morno, indigesto, como se todos estivessem com algo na garganta. O final catártico faz com que Dogville apresente uma estrutura narrativa herdeira das tragédias gregas, onde a platéia era levada a uma situação de tensão insuportável e liberava a adrenalina contida no final trágico.

Desde sempre, quase toda obra de arte é, em última instância, um retrato do ser humano. Lars von Trier não parece perdoar alma alguma, e faz um retrato de pessoas cruéis, mesquinhas, egoístas e arrogantes.

Tom é um covarde, incapaz de assumir responsabilidade alguma (o drama de Grace começa no dia da Independência, quando ele não assume o romance com ela). Os habitantes da vila são "cães" que se comportam de forma instintiva, guiados pelas suas necessidades físicas e seus próprios interesses.

Nem mesmo a protagonista, Grace, é perdoada. Se ao longo do filme somos levados a vê-la como possuidora de uma generosidade infinita, o capítulo final mostra que não: se ela perdôou e permitiu que fizessem dela tudo o que foi feito é porque se considerava acima de todos, superior e indiferente como um "deus olímpico". Grace jamais foi cativa ou submissa, nunca sentiu real misericórdia e sim, desprezo. A todo momento temos a impressão de que, se ela realmente quisesse, poderia simplesmente ir embora, e que portanto os verdadeiros prisioneiros são os moradores - e ela sabe disto.

Na cena final há mais um elemento por trás de Grace: a platéia. Se a platéia passou o filme sofrendo com a passividade de Grace diante das brutalidades, agora se regozija, conscientemente ou não, concordando (e gostando) do massacre a que assiste. Essa é a forma do diretor dizer ao público: vêem? Vocês fariam o mesmo.

Dogville é a antítese do bom selvagem de Rousseau. Sequer os bebês são sem pecado, apenas talvez o cão, que esse nada fez contrariando sua natureza animal e permanece o filme todo "preso" em sua corrente.

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