todos os dias:?

Um daqueles malditos dias negros quando nada agrada e tudo que acontece é uma desculpa pra odiar. Um estoque para emoções empilhadas, um arsenal, uma proteção.

São esses os dias em que eu odeio o mundo, odeio o rico, odeio o feliz, odeio o realizado, os que assistem TV, os que bebem cerveja, os satisfeitos. Porque eu sei que eu posso ser essas pequenas coisas irritantes e então me odeio por perceber isso. Não há prevenção, tratamento ou segurança para a vida.

Cada um de nós sabe nosso próprio destino. Nós sabemos desde a juventude como somos tratados, como somos recebidos, como devemos acabar. Essas coisas não mudam. Você pode mudar suas roupas, mudar seu penteado, seus amigos, cidades, continentes mas cedo ou tarde seu antigo "eu" irá sempre te alcançar. Ele sempre espera nas suas asas.

Idéias vêm mas não ficam. Elas aparecem mas então desaparecem como chuva no para-brisa.

Num desses dias chuvosos, um carro dirigido, minha cabeça implode, a atmosfera nesse carro um espelho de meu crânio. Molhado, úmido, janelas pingando e ofuscadas com gelo. Paredes cinzas. Nada bom no rádio. Nenhum pensamento em minha cabeça.

("Eu sei de um lugar que podemos ir e você vai se apaixonar tanto que vai desejar estar morto")

Vamos pegar a vida e coloca-la devagar, incrivelmente devagar, quadro a quadro com dois minutos que levaria dez anos para viver. Sim, vamos fazer isso...

Telefones públicos como louva-deuses encarando o céu, braços metálicos esticados. Tanta terra viajada e tão pouco senso feito disto. Não tem significado toda essa terra deixada pra trás. Queria sair pra estas árvores e dar uma boa sumida por um tempo.

Estou enjoado com preocupações insignificantes; tickets de estacionamento, vales refeição. Quem precisa de carregar este peso? Tipografia abstrata, incoveniência de metano, gospel linear, venda de moças em Nashville, cortes de tortura, Elizabeth maluca. Papo furado de quimioterapia.

("Eu sei de um lugar que podemos ir e você vai se apaixonar tanto que vai desejar estar morta")


A luz dentro de você brilha como uma mina de diamantes, como morsas desarmadas, como um homem morto de bruços na estrada. Como uma cobra comendo seu próprio rabo, como turbina a vapor, fazenda de sapos, dois guarda-roupas cheios bruscamente abertos despejando roupas, bolhas de sopa no sol, cama-morte do hospital, conversível vermelho, lista de compras, sexo oral, cabeça de morte, diabo dançando, prédios pintados branco, memórias, movimentos, o filme aparecendo, se revelando, prestes a começar...

Eu vi no seu fundo, você é um maldito covarde. Eu ouço seus passos inseguros. Eu consigo consertar minha mente sob seu sim, ou seu não. Filmarei seu rosto hoje nos canais falhos, tudo vermelho, amarelo, azul, verde brilhantes e com reflexos prateados. Pensamentos correndo, pensamentos correndo. Tudo muito real, você se move tão rápido que agora não consigo ver sua imagem. Essa imagem que eu tenho de seu rosto na janela, eu do seu lado com o braço sobre seus ombros. Um catálogo de imagens, relances oscilando e então sumindo de novo.

Estou tão concentrado em meu posto que agora em cada tarde de mente vazia eu imaginarei você no ar contorcendo seu calcanhar, seus joelhos em cima à minha volta, meu rosto no seu cabelo. Você grita tão bem, você sorri tão alto que ainda vibra em minhas orelhas.

Imitação. Distante, cansado de esperar. Dentes brancos limpos. Defenda sua causa. Segure a roda. Conduza-se para liberdade. Abra todas as caixas.

Paulista ao meio dia; prédios de jornais, novas notícias passando, você assiste elas passando, e espera que algumas boas venham.


A luz dentro de você brilha como uma mina de diamantes, como morsas desarmadas, como um homem morto de bruços na estrada. Como uma cobra comendo seu próprio rabo, como turbina a vapor, fazenda de sapos, dois guarda-roupas cheios bruscamente abertos despejando roupas, bolhas de sopa no sol, cama-morte do hospital, conversível vermelho, lista de compras, sexo oral, cabeça de morte, diabo dançando, prédios pintados branco, memórias, movimentos, o filme aparecendo, se revelando, prestes a começar...

Parte Minha, parte The cribs

1 comentários:

Representaçãoo de dias q vc acorda e percebe q até seu qaurto tá contra vc!!
Mas o jeitoo é seguir e descobrir um lugar que podemos ir e você vai se apaixonar tanto que vai desejar estar morto.

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Blog formado por estudantes abordando temas culturais como cinema, filosofia, música, tecnologia, arte, etc.

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